tag:blogger.com,1999:blog-21729221647942893512024-03-13T12:50:50.188-03:00A dança da alegriaCA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.comBlogger186125tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-87734519828931969002013-04-09T01:02:00.001-03:002013-04-09T01:02:16.744-03:00
<style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm; }</style>
<br />
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<b>O voo</b></div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quanto
mais alto é o voo,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mais forte
é a queda.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sim, mas
se não sofro de enjoo,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Não tenho
medo de cair de testa,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se não
sei bem para onde vou,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A visão
de cima parece ser a mais certa.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se o vento
na cara me acariciou,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Que nem
cachorro na cestinha da bicicleta,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
É porque
somente o que me restou,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Foi bater
minhas asas para longe do que me resta.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quanto
mais longe é o meu destino,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mais
demorada é a minha chegada.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas se eu
ainda sou um menino,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O relógio
pode ser solidário com a minha estrada.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se ao piar
alto, eu desafino,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Melhor
manter minha boca calada.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O silêncio
é um companheiro franzino,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas cresce
com a minha cara amedrontada,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ele adora
se fazer de santinho,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas vira
monstro na solidão da casa.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quanto
mais fria e baixa é a solidão,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mais na
gente ela se enrola.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E em dia
de chuva, raio e trovão,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Que nem
avião, quem voa, não decola.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
É o
momento de ter atenção,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ser um
malandro menino, um traquino criançola</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Fazer um
voo esquivo, um desvio de prontidão</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E fazer
desse caminho um aprendizado de escola:</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Não
deixar as asas molhadas pesarem para o chão,</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E fugir
como puder da armadilha e da gaiola.</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
CA Ribeiro Neto<br />
</div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-43567608336842697262012-01-04T19:54:00.005-03:002012-01-04T19:55:22.851-03:00Lista dos livros que li em 2011Segue a listagem de livros que li ao longo de todo 2011, em ordem dos que mais gostei para os que não me impressionaram tanto! <br />
<br />
<br />
1 - Tocaia Grande - Jorge Amado<br />
2 - A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera<br />
3 - Luzia-Homem - Domingos Olímpio<br />
4 - Dentro da Noite - João do Rio<br />
5 - A Alma Encantadora das Ruas - João do Rio<br />
6 - As Religiões do Rio - João do Rio<br />
7 - Inimigos - Pedro Salgueiro<br />
8 - Meio Intelectual, Meio de Esquerda - Antônio Prata<br />
9 - A Normalista - Adolfo Caminha<br />
10 - Licânia - Clauder Arcanjo<br />
11 - Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto<br />
12 - Biografia de João do Rio - João Carlos Rodrigues<br />
13 - O Livro das Perguntas - Pablo Neruda<br />
14 - Brincar com Armas - Pedro Salgueiro<br />
15 - Leite Derramado - Chico Buarque<br />
16 - Amor a céu aberto - Flora Figueiredo<br />
17 - O que os chineses não comem - Xinran<br />
18 - As Esganadas - Jô Soares<br />
19 - Pelos Olhos de Maisie - Henry James<br />
20 - Contos Amazônicos - Inglês de Sousa<br />
21 - Antologia Poética - Gregório de Matos<br />
22 - Dom Casmurro e os Discos Voadores - Machado de Assis e Lucio Manfredi<br />
* Bônus: Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto [em quadrinhos - texto integral]<br />
<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
Boa sorteCA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-13726449229010042332011-11-24T20:59:00.001-03:002011-11-24T21:04:45.383-03:00CaminhadorNa foto-título da semana: Maria Pinheiro <br />
<br />
Antes de conseguir publicar um livro, invento de projetar um segundo, de poesias, com o título provisório de "Como é triste um choro contido". Segue agora a última poesia que fiz e que fará parte do livro citado.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Caminhador<br />
<br />
<br />
Se não ando com ela ao lado,<br />
Só ando calado<br />
Sou um caminhador.<br />
<br />
Sonho viver, em você, colado.<br />
Mas eu ando só,<br />
Sou um, com a minha dor.</div>
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>O Último Bloco - Clara Nunes<br />
</i><br />
LENDO NO MOMENTO:<i> O que os chineses não comem - Xinran - concluído || O Cravo Roxo do Diabo - org. Pedro Salgueiro - pg. 56.</i><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<i>-x-| Boa Sorte |-x- </i><br />
<i><a href="http://twitter.com/caribeironeto">@caribeironeto</a> <br />
</i>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-38801650935720492212011-11-17T20:49:00.001-03:002011-11-17T21:01:17.965-03:00A leveza do ser, pelo insustentável Milan KunderaDepois de um bom tempo distante do blog, retomo-o cauteloso, sem texto meu, apesar de que há planos novos, sim!<br />
<br />
Segue
agora um dos trechos que mais gostei do maravilhoso livro 'A
Insustentável leveza do ser', de Milan Kundera.Os outros trechos que
gostei irão para o meu twitter.<br />
<br />
<br />
"Sentado na cama, olhava a mulher deitada a seu lado, que,
dormindo, lhe apertava a mão. Sentia por ela um amor inexprimível. Nesse
momento ela sem dúvida dormia um sono muito leve, porque abriu os olhos
e olhou-o com ar espantado.<br />
<br />
<br />
--- O que você está olhando - perguntou ela.<br />
<br />
<br />
Sabia que não devia acordá-la, mas fazê-la adormecer. Tentou
responder com palavras que fizessem nascer em seu pensamento a centelha
de um novo sonho.<br />
<br />
<br />
--- Estou olhando as estrelas - respondeu.<br />
<br />
--- Não minta, você não está olhando as estrelas, está olhando para o chão.<br />
<br />
<br />
--- É que estamos num avião, as estrelas estão abaixo de nós.<br />
<br />
---
Ah, bom! - murmurou Tereza. Apertou com mais força a mão de Tomas e
continuou a dormir. Tomas sabia que Tereza olhava pela janela de um
avião que voava muito alto, por cima das estrelas."<br />
<br />
-x-||-x-<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Tempo Feliz - Martinália<br />
</i><br />
LENDO NO MOMENTO:<i> O que os chineses não comem - Xinran - pg. 81 || O Cravo Roxo do Diabo - org. Pedro Salgueiro - pg. 56.</i><br />
<br />
<i> </i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<i>-x-| Boa Sorte |-x- </i><br />
<i><a href="http://twitter.com/caribeironeto">@caribeironeto</a> <br />
</i><br />
<br />CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-18744993051134530182011-10-14T21:29:00.000-03:002011-11-17T21:01:20.266-03:00A tristeza, por mim e por Neruda, um na prosa e outro na poesia<div style="text-align: justify;">
Acabei há pouco tempo a leitura do livro 'O Livro das Perguntas' de Pablo Neruda. Nem preciso dizer que recomendo este livro demais e segue aí alguns trechos que falam sobre a tristeza:</div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
As lágrimas que choramos</div>
<div style="text-align: center;">
esperam em pequenos lagos?</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Ou serão rios invisíveis</div>
<div style="text-align: center;">
que correm para a tristeza?</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
É verdade que a tristeza é larga</div>
<div style="text-align: center;">
e estreita a melancolia?</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
Agora, segue o link do meu texto que considero mais triste de todos <a href="http://caribeironeto.blogspot.com/2009/07/por-falta-de-gentileza.html">[aqui]</a><br />
<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Punto - Jovanotti</i><br /> LENDO NO MOMENTO:<i> O Livro das Perguntas - Pablo
Neruda - concluído || A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera -
pág. 83 || Releitura de A Alma Encantadora das Ruas - João do Rio - pág. 39 || O Cravo Roxo do Diabo - org. Pedro Salgueiro - pg. 56.</i></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<i>-x-| Boa Sorte |-x- </i>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-91857225939466288562011-09-29T23:02:00.002-03:002011-09-29T23:02:28.177-03:00O Ceará urbano e a sociedade dissimulada de A Normalista de Adolfo Caminha
<style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O Ceará urbano e a sociedade dissimulada de A
Normalista de Adolfo Caminha</b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<i>Terminar uma leitura com um nó na garganta, faltando poucos minutos
para começar o expediente de trabalho não é legal. Mas se isso for
necessário para se ler o livro A Normalista, de Adolfo Caminha,
então, afirmo que todos devem sentir igualmente.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Primeiro conto o inusitado caso de como consegui esse exemplar. Eu
fui de férias para Belém do Pará e uma das minhas programações
era conhecer livrarias e sebos paraenses e comprar alguma coisa da
literatura local. Não é que tal Estado não tenha bons escritores,
mas não me agradei com o que encontrei. Mas, <i>vasculhando bem por lá,
encontrei um livro de um autor cearense que sempre tive vontade de
ler, mas não oportunidade.</i> Uma edição linda, capa dura, folhas
amareladas, um pouco mofado, mas nada exagerado.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Além do fato de eu viajar vários quilômetros para comprar um livro
paraense e acabar comprando um cearense, o que há de mais curioso é
que no teor da história começa com uma relação entre os dois
Estados: o livro conta a história da Maria do Carmo, uma adolescente
que acompanhou o pai no êxodo, do interior para Fortaleza. Mas daí
em diante, o pai resolveu tentar ganhar a vida em Belém, enquanto a
moça ficou aos cuidados do padrinho João da Mata. Vejam como Adolfo
Caminha coloca a comparação entre as duas cidades na voz de João:</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 3.99cm;">
“<span style="font-size: x-small;">A vida no Ceará não valia coisíssima alguma. O
Pará, sim, aquilo é que é terra de fatura e de dinheiro. Um homem
trabalhador e honesto como o compadre, com uma pouca de experiência,
podia enricar da noite para o dia. Os seringais, conhecia os
seringais? Eram uma mina da Califórnia. Tantos fossem quantos
voltavam recheados, de mão no bolso e cabeça erguida. E o Ceará?
Fome e miséria somente. Num mês morriam três mil pessoas, eram
mortos a dar com o pé, morria gente até defronte do palácio do
governo, uma lástima!” - A Normalista. Adolfo Caminha. Pág. 33</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 3.99cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Já nessa primeira citação deu para notar o tom forte que são as
palavras do autor. <i>Em todo o livro ele é assim, não só critica o
lugar, como a sociedade e os seus personagens.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
É interessante ver um livro da época do Proclamação da República,
no Ceará, em tom urbano, ainda que não modernizado. Algo
infelizmente tão incomum na literatura cearense. <i>E essa urbanização
traz a característica, comum em tantas obras, de ser amada e odiada.</i>
O livro louva que a capital é melhor lugar que o interior, mesmo com</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 3.99cm;">
“<span style="font-size: x-small;">...esse tumultuar quotidiano de virtudes fingidas e
vícios inconfessáveis, esse tropel de paixões desencontradas, isso
que constitui, por assim dizer, a maior felicidade do gênero humano,
esse acervo de mentiras galantes e torpezas dissimuladas, esse
cortiço de vespas que se denomina – sociedade.” - A Normalista.
Adolfo Caminha. Pág. 34</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Os personagens são, cometendo injustiças: Maria do Carmo, a tal
normalista, adolescente meiga, que morria de amores pelo namoradinho
e era abusada pelo padrinho, detestava esse abuso, mas recorria a ele
quando necessitava de algo; João da Mata, o padrinho sem escrúpulos
que ficou obcecado por tirar a virgindade da afilhada; Zuza, o
namoradinho da alta sociedade, que apesar de a amar, fugiu para
Recife, evitando um casamento escandaloso por questões de status
social; e os demais personagens também, todos, cheios de defeitos.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
A história, apesar de não muito grande, é bem construída,
ponderando-se sempre as questões pessoais e sociais de cada
personagem. <i>Um personagem é nobreza num dado contato pessoal e
plebeu em outro.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Há passagens memoráveis no livro. O casamento da amiga, a morte e o
enterro do presidente da província, os passeios escondidos do casal
apaixonado, a cena principal, que é do João tirando-lhe a
virgindade. Todas bem curiosas.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<i>Sem falar de um final incrível, que para evitar revelar algo, mais
levantar a curiosidade, menciono apenas que os contemporâneos do
autor, e seus atuais leitores, como eu, devem todos terem se
assustado com o que leram.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
CA Ribeiro Neto</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 1.49cm;">
-x-||-x- </div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br /></div>
<br /><br /> <br /><br /> ESCUTANDO NO MOMENTO: Jogador - João Bosco<br /> LENDO NO MOMENTO: A Normalista - Adolfo Caminha - Concluído || O Livro das Perguntas - Pablo Neruda - pág. 38 || A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera - pág. 0 || O Cravo Roxo do Diabo - org. Pedro Salgueiro - pg. 27. <br /> <br /> <br /><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<i>| Boa Sorte | </i><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br /></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-46061014825784156042011-09-22T19:07:00.003-03:002011-09-22T19:07:43.179-03:00A era GilUm texto que há muito tempo eu queria fazer.<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A era Gil<br /><br /><br /><br />Gil passava pelo mesmo corredor, novamente. Um último jogo da carreira, depois 20 anos de jogador profissional, foi o motivo de voltar ao clube onde tudo começou.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />O presidente da agremiação foi buscá-lo em casa, com fortes seguranças e ao descer do carro, uma chuva de flaches fotográficos. Tudo tão diferente e ao mesmo tempo parecido com o seu começo. Tantas vezes tentou a peneira e tantos nãos recebidos, e sua mãe decidiu que só tentaria mais uma vez. No caminho da última peneira, seu ônibus, atrasado, encontra um manifestação de professores lutando por melhores salários, o motorista atropela um dos manifestantes e os mesmos brilhos fotográficos da imprensa. Podia ser seu pai, professor, atropelado.<br /> </div>
<div style="text-align: justify;">
Entrou na sede do clube e foi direto para a coletiva com os jornalistas. Lembrou-se então, que na última peneira, colete número 17, ele marcou três gols, mas não comemorou. O olheiro o chamou e perguntou sua idade. 16. já erá velho demais. Mas o presidente, o mesmo de hoje, gostou; logo, foi contratado.<br />Encontrou-se com os outros jogadores e, durante a preleção do técnico, professor, pediu para falar também. Emocionado, lembrou que futebol é um esporte coletivo e que ele não seria nada sem seus companheiros. Típico discurso de jogador de futebol. O que vinha na cabeça dele, na verdade, era que ele contou também com muita sorte ou a falta de sorte dos outros. Os outros centroavantes do sub-16 eram muito ruins, o camisa 9 titular e o substituto imediato estavam contundidos e então ele foi levado ao time principal por força do destino.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Em sua primeira partida ele estava no banco de reserva, camisa 17, de um time com 3 volantes e sem atacante de área. Como no primeiro tempo o time estava perdendo de 2 a 0, ele entrou no começo do segundo, na saída de um dos cabeças de área. Com dois pontas, um maestro, um volante de ligação e dois laterais medianos para lhe servir e mais um zagueiro meio manco no time adversário, ele fez mais 3 gols. Caiu nas graças da torcida.<br /> </div>
<div style="text-align: justify;">
Indo para o estádio, um pagode no fundo do ônibus. Fechou os olhos por um momento e lembrou do mundo que lhe apareceu depois daquele jogo. Festas, bebidas, mulheres. Por pouco não experimentou drogas, se não fosse pelo zagueiro Zé Luiz, um cherifão que lhe impediu no momento e que agora ele é inteiramente grato.<br /> </div>
<div style="text-align: justify;">
No vestiário, abraçou calorosamente o roupeiro do time, o mesmo que lhe deu a camisa 17 para vestir a vinte anos atrás. Olhou bem para ele e disse: “todo roupeiro de cada clube é sempre o maior torcedor de todos, mas você foi o primeiro que acreditou em mim. Entregou meu uniforme, segurou a minha mão e ordenou que eu me tornasse ídolo. Aqui estou eu para bater continência!”. O roupeiro chorou e molhou a nova camisa 17, a que ele usaria hoje.<br /> </div>
<div style="text-align: justify;">
Aquela camisa amarela e cinza, do Real Messejana, era especial. Já vestiu outras, nacionais, internacionais, da seleção brasileira, fora até apelidado na Itália como Impiedoso, mas a famosa “ouro e prata” era, para ele, a mais bonita. Correu para dentro do campo e escutou a torcida gritando novamente seu nome. Esperto, pediu antecipadamente que a imprensa não tivesse acesso ao campo; assim, sua despedida seria bem mais bonita. Percorreu todo o entorno do campo, acenando para a torcida que o aplaudia de pé.<br /> </div>
<div style="text-align: justify;">
Em seu último jogo, marcou 3 gols e saiu no meio do segundo tempo. Estava finalizada a era Gil. O impiedoso não deixou de agradecer a ninguém tudo que viveu e a todos que influenciaram para que a vida dele se encaminhasse ao que é hoje. Lembrou-se, então, quando lhe perguntaram o que iria fazer após se aposentar e ele respondeu: “Provar a vocês que continuo vivo”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Um homem também chora - Gonzaguinha</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Orgulho e Preconceito - Jane Austen - pg. 178 || A Normalista - Adolfo Caminha - pg. 168 || O Cravo Roxo do Diabo - org. Pedro Salgueiro - pg. 27. </i><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Boa Sorte ||</i></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-76522974342898479402011-09-16T22:48:00.002-03:002011-09-16T22:48:22.165-03:00AnaPoesia antiga, sobre diferentes histórias, de diferentes Anas.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
ANA
<br /><br />Fala Flor!
<br />Lavra essa terra que agora é tua
<br />Lava minha pele com tuas pétalas
<br />E deixe que seu orvalho me reconstrua.
<br /><br />Chora Rosa!
<br />Enforca essa mágoa em forma de dor
<br />Esnoba a confiança que conquistara
<br />Utiliza seus espinhos como defensor
<br /><br />Mima Margarida!
<br />Me ensina a gostar da abelha
<br />malícia verdadeira de viver
<br />Só assim ela não me aperreia
<br /><br />Roga Hortência!
<br />Penitência pelo pecado que cometi
<br />Clemência é o que eu te peço
<br />Até pelo que eu não fiz.</div>
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Pulsação Tropical - Gonzaguinha</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - Completo || Orgulho e Preconceito - Jane Austen - 123 || A Normalista - Adolfo Caminha - pg. 132. </i><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a></div>
<i> </i>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-28007356614892008782011-09-01T22:28:00.002-03:002011-09-02T01:24:04.064-03:00Mistura-se dois víciosBem, continuando a minha saga brega, faço mais um conto adaptado de uma música. Desta vez vamos de Bartô Galeno e a música "No Toca-fita"<a href="http://letras.terra.com.br/barto-galeno/298983/"> [segue a letra e o vídeo da música aqui]</a><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">Mistura-se dois vícios</span></b><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
No toca-fita do meu carro, uma canção me faz lembrar você. <i>A noite, que tantas vezes sorriu, minguante, para mim, hoje é triste, uma lua nova, como a dor que nunca tinha sentido antes.</i> Cansado de beber sozinho, de escutar a alegria alheia, tinha resolvido<i> ir para outro lugar, que não fosse a casa que guarda a cama que antes era nossa.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Entro no carro para depois pensar aonde ir, daí ligo o toca-fitas. N<i>ão me lembrei de nenhum canto legal para se curtir sozinho, minha diversão era conjunta, contigo.</i> Tento me lembrar de algo que eu fizesse sem ti e só me recordei do cigarro pós-sexo. Acendo um, na tentativa insana de tentar pensar em alguma outra coisa, em vão, <i>o cigarro era melhor quando se transava antes, conjuntamente, contigo, antigamente.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Olho para o banco ao lado, passo a mão, querendo sentir sua pele, resgatar os resquícios que ainda possa haver de seu cheiro. <i>Mistura-se em meu olfato a fumaça do cigarro e a lembrança do seu aroma. Dois dos meus vícios confrontam-se nesse momento.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<i>Desisto de tentar te esquecer por hoje, procuro no porta-luvas o que tiver para saciar a saudade</i>, encontro um lencinho, branco mas amarelado, com um bordado, uma qualidade entre suas prendas. Com um entrançado de linhas, nossos nomes na cor de vinho, afinal, <i>era a nossa cor, o tom dos seus cabelos, a cor das camisas que você dizia que combinava comigo.</i><br />
<br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Não sei se é o trago, mas há algo travando a minha garganta. Aliás, agora que estou sozinho, eu posso chorar.</i></div>
<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Plano de voo - Gonzaguinha</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - pg. 412 || A Normalista - Adolfo Caminha - pg. 64. </i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-39290611853305809612011-08-26T11:33:00.001-03:002011-08-26T11:33:19.810-03:00O ciúme, por mim e por Chicão Buarque<div style="text-align: justify;">
O Chico Buarque, como compositor, é considerado por muitos, e por mim também, como o maior que o Brasil já teve. Mas na literatura ele não é tão unanimidade assim. <i>Gosto de lê-lo, porque ele me dá uma sensação que só senti nos livros dele. Uma sensação de não saber ao certo se estou gostando ou não, durante a leitura. Mas quando se completa o livro, você, enfim, percebe que o livro é bom.</i> Segue agora um trecho do livro Leite Derramado, dele, que eu achei sensacional!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><a href="http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=13005475&sid=0191951211381385089206374">Leite Derramado</a>. Chico Buarque. Capítulo 11. Página 61.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"[...] <i>Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem.</i> Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. <i>O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa de sua feiura.</i> Sabendo-se desprezível, apresenta-se com nomes supostos [...]"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><i>Agora segue o conto que eu fiz, inspirado nesse trecho:</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<span style="font-size: large;"><b>O aperitivo e o prato principal no pagode do Bentinho</b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
O pagode na casa do Bentinho já estava marcado. Sendo ele do Rio,
outro tema não podia haver e a festa seria monumental. Mas na
faculdade falavam mais sobre outra coisa: Com quem Fabiano iria
passar a festa em chamego. Ele queixava Ana Terra e Iracema ao mesmo
tempo, de forma que ninguém tinha absoluta certeza do sim e do não
entre os três. Mas no pagode ele tinha que escolher uma ou a guerra
seria anunciada.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
As duas moças em questão tinham a mesma certeza de que o que
falavam sobre a rival era fofoca, intriga para se ver confusão; que
Fabiano só tinha olhos para elas. Já ele não revelava o seu
segredo nem para os amigos mais próximos, deixando tudo para o dia
da festa.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Estrategicamente, o garanhão deixou para chegar na festa bem depois,
já com as duas pretendentes por lá. Primeiramente, lógico, ele foi
falar com a rapaziada, tomar uma cerveja e ver
direito o som da roda de samba. <i>Confirmou que não tinha negócio de
banjo entre os instrumentistas e que tocavam <a href="http://www.youtube.com/watch?v=fA_u9lY3fO4">Leci Brandão</a>, daí sim,
soube realmente que a festa seria boa.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Num primeiro contato, ele falou rapidamente e em tempos iguais com as
duas, que não estavam perto uma da outra. Ele, muito bem quisto,
conversou com todos os agrupamentos de amigos. Parecia mesmo que ele
estava medindo todos os seus passos, para não revelar um interesse
maior por uma do que pela outra precipitadamente. Acabou que, com
isso, ele sozinho disputou atenção com a banda, nesse momento
cantando <a href="http://www.youtube.com/watch?v=Xm7VJMtZdZY">João Nogueira</a>.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Com mais um tempo de cerveja para todos, a banda resolveu usar sua
arma secreta, um pot-pourri de <a href="http://www.youtube.com/watch?v=ObU62GlC7mE">Martinho da Vila</a>. Subitamente a festa
entrou em outra aura. <i>Todos vibravam, quem sabia dançar, dançava,
quem não sabia ficava no ciscado no mesmo lugar e um casal lá
improvisou uma encenação de mestre -sala e porta-bandeira.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Fabiano, então, aproveitando o momento que a cambada mudou a atenção
para os dançarinos, se aproximou de Ana Terra e puxou-a para dançar.
Logicamente Iracema viu logo, mas ficou no seu canto, vendo onde isso
ia dar. Enquanto dançavam, eles tiveram essa conversa.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Pensei
que estava com medo de mim?</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Achou
mesmo que eu ia aguentar passar a noite inteira só lhe olhando e
não fazendo nada?</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Não
seria uma possibilidade estranha. Passou boa parte da noite sem nem
lembrar da minha presença...</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Essa
festa não teria graça sem esse momento, só nosso, apesar de que
aqui nós não teremos isso plenamente.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- É,
aqui realmente, estamos próximos, mas não estamos a sós.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Mas
podemos resolver isso mais tarde!</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
- Vamos
ver, vamos ver... não sou tão fácil assim.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Daí, teve mais conversas aleatórias e no final do selecionado de
Martinho, ele pediu licença para ir ao banheiro, um instante. Sendo
que na volta, ele não foi direto para perto dela, foi rodar entre os
amigos mais uma vez. Falou algo no ouvido do tocador de cavaquinho e
continuou lá meio próximo.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Iracema já tinha desistido de se animar, tinha sentado numa cadeira,
fazendo bico, emburrado de vez. Então, o cara do cavaquinho puxou o
pedido do Fabiano, a clássica<a href="http://draft.blogger.com/goog_75789167"> </a><i><a href="http://www.youtube.com/watch?v=o40g2fvf-6o&feature=fvsr">Aquarela do Brasil</a>. Todo mundo pirou
de vez, é uma música que todo mundo se animaria e saberia pelo
menos um trecho. Mas era dos versos sobre o Ceará de que ele
precisava.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ele se aproximou da bicuda sentada, estendeu a mão como um convite
para a dança e deu um sorriso e uma piscadinha na mesma hora do
trecho cearense. Sem precisar nenhum dos dois falar nada, ela se
levantou e foi dançar com ele. Mas durante esse momento, ela começou
a fala:</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<i>- Pensei
que ia ficar dançando só com a Ana!</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<i>- Ali
era só um aquecimento, um aperitivo para esse prato principal!</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>Nessa hora ela abriu a defesa, deu um sorriso safado e falou
sussurrando, no ouvido dele:</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>- Pois
então, pode comer!</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Fabiano não iria responder com palavras, mas mesmo se quisesse, não
teve tempo para isso. Ana Terra ficou fula de raiva com toda aquela encenação,
a escolha de uma música, o jeito mais sensual que eles dançavam e
ela não escutou o que ela lhe disse no ouvido, mas deduziu pelas
faces deles que ela iria rodar nessa história. Mas não mediu as
ações, chegou lá apartando os dois e dando uma mãozada na cara da
Iracema, que também não se intimidou e voou para cima e começou a
briga.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
<i>E, moças, desculpem, mas briga de mulher é muito massa! Não tem
força masculina que consiga soltar um cacho de cabelo da mão da
adversária! </i>Foi zunhada e mordidas à torto e à direito. Ana Terra
era mais forte e jogava Iracema para todos os lados. Mas esta tinha
uma experiência em artes maciais e foi quem levou a luta para o
chão, com uma rasteira surpreendente. Aí sim a peleja esquentou de
vez. A roda humana que delimitava o ringue estava enlouquecida e
ninguém, até agora, ousou apartar.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Fabiano, misteriosamente sumiu; dizem que se mandou com a Luzia, uma
negra tanajura.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.49cm;">
Depois de encerrada a briga, a roda de samba se recompôs, tocando
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=CTTX1WNUfEM&feature=fvst"><i>Vai Passar, do Chico Buarque</i></a>, na tentativa de ser, mais uma vez, o
prato principal da festa.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
CA Ribeiro Neto</div>
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Isn't She Lovely - Ed Motta [2010 - Live in Citibank Hall</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - pg. 350 || A Normalista - Adolfo Caminha - pg. 60. </i><br />
<br />
<br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-58096151692173844532011-08-19T10:14:00.002-03:002011-08-26T10:52:30.774-03:00Sempre a segundos atrás<br />
<div style="text-align: center;">
Sempre a segundos atrás<br /><br /><br />O acaso zombou dos nossos destinos<br />Cruzaram-se horários e caminhos<br /><br /><i>Quem viu quem primeiro?</i><br />Se no instante que te vi<br />Tu já me via<br />E sorria.<br />Não imaginas em quem eu pensava<br /><i>A alguns segundos atrás.</i><br /><br />Primeira frase quando voltei a estar só:<br />Nunca fiquei tão feliz com um<i> não-beijo.</i></div>
<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">
-x-||-x-</div>
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Inês [Apaga o fogo Mané] - Demônios da Garoa</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - pg. 269 || Leite Derramado - Chico Buarque - Concluído || A Normalista - Adolfo Caminha - pg. 24. </i><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-65883249062109553852011-08-11T22:07:00.002-03:002011-08-11T22:10:07.726-03:00Sempre Presente<i>Poesia antiga, que eu não sei porque ainda não a publiquei aqui!</i><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Sempre Presente
<br /><br /><br />Eu queria estar sempre presente
<br />Nas suas horas de agonia,
<br />No momento de calmaria,
<br />Totalmente em sua vida.
<br /><br />Quero estar sempre presente
<br />Nos seus sonhos e orações,
<br />Quero estar em seus grilhões
<br />De forma voluntariosa,
<br />Pode ser impiedosa,
<br />Mas quero está sempre presente.
<br /><br />Quero te dar toda a atenção
<br />E em meu coração
<br />Você está sempre presente.
<br />Para acabar com a solidão,
<br />Para repetir-me à exaustão
<br />Vou estar sempre presente.</div>
<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">
--x-||-x--</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Aboniza mas não morre - Nelson Sargento e Tereza Cristina [CD Cidade do Samba]</i></div>
<div style="text-align: justify;">
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - pg. 246 || Leite Derramado - Chico Buarque - pg. 76.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-75840427902355852282011-08-04T22:20:00.003-03:002011-08-04T22:20:55.504-03:00Corrente de textos<div style="text-align: justify;">
Depois do recesso de férias, voltamos às postagens de todas as santas quintas! Hoje farei uma sequencia de textos, onde você só lê até onde você quiser, não precisa ler todos!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Começo com o único pensamento literário que tive nessas férias e que foi escrito, além deste último ensaio sobre a importância dos personagens:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"Pensar pode ser uma dádiva ou um fardo para o ser humano. Não sei se é vantagem humana poder imaginá-la ao meu lado, sem poder realizar tal desejo" - CA Ribeiro Neto, salvo como mensagem de texto no celular.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Daí esse simples pensamento meu, fez-me relembrar de uma grande crônica de Antonio Prata, que é a seguinte:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<i><span style="font-size: large;">Os outros </span></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i>Você não acha estranho que existam os outros? Eu também não achava, até anteontem, quando tive o que, por falta de nome melhor, chamei de SCA – Súbita Consciência da Alteridade. <br /> </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Estava no carro, esperando o farol abrir e comecei a observar um pedestre, vindo pela calçada. Foi então que, do nada, senti o espasmo filosófico, a fisgada ontológica. Simplesmente entendi, naquele instante, que o pedestre era um outro: via o mundo por seus próprios olhos, sentia um gosto em sua boca, um peso sobre seus ombros, tinha antepassados, medo da morte e achava que as unhas dos pés dele eram absolutamente normais – estranhas eram as minhas e as suas, caro leitor, pois somos os outros da vida dele.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br />O farol abriu, o pedestre ficou para trás, mas eu não conseguia parar de pensar que ele agora estava no quarteirão de cima, aprisionado em seus pensamentos, embalado por sua pele, tão centro do Cosmos e da Criação quanto eu, você e sua tia avó.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br />Sei que o que estou dizendo é de uma obviedade tacanha, mas não são essas verdades as mais difíceis de enxergar? A morte, por exemplo. Você sabe, racionalmente, que um dia vai morrer. Mas, cá entre nós: você acredita mesmo que isso seja possível? Claro que não! Afinal, você é você! Se você acabar, acaba tudo e, convenhamos, isso não faz o menor sentido.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br />As formigas não são assim. Elas não sabem que existem. E, se alguma consciência elas têm, é de que não são o centro nem do próprio formigueiro. Vi um documentário, ontem de noite. Diante de um riacho, as saúvas africanas se metiam na água e formavam uma ponte, com seus próprios corpos, para que as outras passassem. Morriam afogadas, para que o formigueiro sobrevivesse.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br />Não, nenhuma compaixão cristã brotou em mim naquele momento, nenhuma solidariedade pela formiga desconhecida. (Deus me livre, ser saúva africana!). O que senti foi uma imensa curiosidade de saber o que o pedestre estaria fazendo, naquele momento. Estaria vendo o mesmo documentário? Dormindo? Desejando a mulher do próximo? Afinal, ele estava existindo, e continua existindo agora, assim como eu, você, o Bill Clinton, o Moraes Moreira. <br /> </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>São sete bilhões de narradores em primeira pessoa, soltos por aí, crentes que, se Deus existe, é conosco que virá puxar papo, qualquer dia desses. Sete bilhões de mundinhos. Sete bilhões de chulés. Sete bilhões de irritações, sistemas digestivos, músicas chicletentas que não desgrudam da cabeça e a esperança quase tangível de que, mês que vem, ga-nharemos na loteria. Até a rainha da Inglaterra, agorinha mesmo, tá lá, minhocando as coisas dela, em inglês, por debaixo da coroa. Não é estranhíssimo?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, esse texto acabou me lembrando outros dois textos meus, que também falam do olhar para a sociedade de uma forma repentinamente diferente:</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://caribeironeto.blogspot.com/2009/08/era-para-apenas-rir.html">Era para apenas rir</a> e <a href="http://caribeironeto.blogspot.com/2010/10/o-ciclo-sem-fim-ou-era-para-apenas-rir.html">Era para apenas rir II ou O Ciclo da Vida</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bem, parabéns e obrigado se você chegou até aqui!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
CA Ribeiro Neto</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
xXx</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Nada.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - pg. 176</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a></div>
CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-30695353971807748992011-07-07T15:26:00.000-03:002011-07-07T15:26:32.752-03:00Você tem uma vizinha meio Macabéa?Um ensaio literário, nada científico.<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Você tem uma vizinha meio Macabéa?</b></span><br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Qual o poder de um personagem? <i>É óbvio que sem eles não há histórias, há cenários. Mas criá-los não é só decidir quem vai mediar os verbos do texto.</i> Dom Quixote, Hamlet, Dorian Gray, Capitu, Policarpo Quaresma, Macabéa e Baleia. Se você tem uma grau médio de leitura já deve ter ouvido falar de pelo menos 5 desses. <i>O que eles têm em comum: se tornaram ícones da literatura sem mesmo existir.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
Infelizmente, muitos personagens são mais conhecidos que seus criadores; mas isso também prova de que estes fizeram seu trabalho bem feito. Estes nomes citados servirão apenas como exemplos do poder real de um personagem bem estruturado.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Dom Quixote, de Cervantes, é o protagonista de um dos romances mais mais importantes da cultura ocidental. Um cara que enlouqueceu de tanto ler, se proclamou cavaleiro e saiu por aí a enfrentar dragões – ou moinhos, talvez! Resumindo em uma frase não se percebe o alcance desse livro. Mas, pensando um pouco, quando você fala bem de um livro que gostou, defende seu autor preferido de alguma acusação, não estaria enfrentando uma dificuldade, um moinho que insiste em rodar uma ofensa para o ar?<br />
</div><div style="text-align: justify;">Quixote é tão importante que Lima Barreto se inspirou nele para escrever Triste Fim de Policarpo Quaresma. Outro personagem tido como louco – por seu país – e que há como causador da loucura a leitura! Lima é tão sarcástico, que coloca seus outros personagens tendo orgulho de não mais lerem. <i>Policarpo era louco, mas deixou sua semente país. Ou o Brasil alguma vez se desvencilhou da imagem do que ainda pode ser?</i><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dorian Gray também é um eternizado e há quem ache que este é o nome do autor! Pobre Oscar Wilde é esquecido enquanto o Gray é citado por aí! Sua beleza e jovialidade era tão importante para si, que procurou a magia para não perdê-las jamais. Tanto não perdeu que marcou a principal obra decadentista mundial. <i>E o que ele e os outros citados fizeram para tal: mexeram diretamente com os leitores. O personagem não precisa parecer seu vizinho, ser um super-herói ou pendurar uma melancia no pescoço. Ele precisa mexer com os sentimentos de quem os lê.</i><br />
</div><div style="text-align: justify;">Capitu representa bem esse sentimento. Com seus olhos de ressaca, Machado fá-la criar um mistério que perturba Bentinho e seus leitores. Dom Casmurro foi praticamente o primeiro 'Você Decide'. <i>Já vi discussões calorosas de defesas e acusações a Capitu</i>; e aí eu pergunto, <i>Machado fez ou não fez um livro e uma personagem perfeitos? [Para mim, ela é inocente].</i><br />
</div><div style="text-align: justify;">Superficialmente, Romeu e Julieta parece ser a história mais conhecida de Shakespeare, mas e se a gente tentasse catalogar o número de frases mundialmente conhecidas de Hamlet? “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, “Dormir, dormir, talvez sonhar...”, "Há mais coisas no céu e na terra, Do que sonha a tua filosofia" e, a mais conhecida, “ser ou não ser, eis a questão”. Vocês acabaram de ler <i>literatura que, de tão eternizadas, viraram provérbios, ditos populares. Será isso o máximo que uma obra artística pode chegar da consagração?</i><br />
</div><div style="text-align: justify;">E quando o personagem é criado para ser amado e odiado ao mesmo tempo? Macabéa, da Clarice Lispector, é inesquecível porque você quer entrar na história, puxar sua orelha e mandar ela tomar rumo na vida. <i>Macabéa é mais importante que o livro em que está inserida, ou todos se lembram facilmente que o livro que ela protagoniza é 'A Hora da Estrela'?</i><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aliás, para não falarmos apenas de protagonistas, quando falamos em 'Vidas Secas', do Graciliano Ramos, <i>lembramos primeiro do Fabiano ou da Baleia?</i> Baleia era o cachorro de uma família de retirantes, praticamente um parente, que mais parecia nosso também. <i>Já ouvi vários relatos de choro quando leram a parte de sua morte. Eu não chorei, mas confesso a garganta presa.</i><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há quem diga que romance é superior a contos, cronicas e poemas; a favor desse argumento, afirmam-se que seus personagens dificilmente se imortalizam. Mas só para não diminuir ninguém, Homero e Camões tiveram muitos personagens inesquecíveis. Tchecov, Machado, Lima Barreto e João do Rio têm personagens nos contos importantíssimos.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>E então, vais mesmo fazer um personagem parecido com o seu vizinho?</i></div><br />
<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
<div style="text-align: center;">*</div><br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Da cor do pecado - Nara Leão</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Tocaia Grande - Jorge Amado - pg. 108</i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-87301918147975509902011-06-23T18:22:00.002-03:002011-06-23T18:28:16.613-03:00Dos meios de transportes - ontem, pelo Limão, e hoje, por mim<div style="text-align: justify;">Amigos, posto mais um texto antigo, que já passou por esse blog antes, mas foi em 2008. Vou relacionar aqui o meu texto '10% Móvel', que fala sobre aeroporto, com um trecho do livro 'Triste Fim de Policarpo Quaresma', de Lima Barreto, que fala sobre os trens. Independente do meio utilizado, os dois falam do ambiente das chegadas e despedidas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">"É uma emoção especial de quem mora longe, essa de ver chegar os meios de transporte que nos põem em comunicação com o resto do mundo. Há uma mescla de medo e de alegria, ao mesmo tempo que se pensa em boas novas, pensam-se também más. A alternativa angustia...</div><div style="text-align: justify;">O trem ou o vapor como que vem do indeterminado, do Mistério, e traz, além de notícias gerais, boas ou más, também o gesto, um sorriso, a voz das pessaos que amamos e estão longe." - Triste de Fim de Policarpo Quaresma [parte II, capítulo I]</div><br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div><br />
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<!--
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</style> <br />
<h1 class="western" style="page-break-before: always;">10% móvel</h1><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
Sabrina estava abismada. Seu último namoro terminou há sete meses e ela continuava triste e só. Não se sabe ao certo se ela não estava com sorte ou eram consequências do auto-isolamento, mas o fato era que ela estava carente e não estava fazendo esforço para reverter o quadro.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Certa vez, ela escutou um amigo dizer que é ótimo o ambiente de aeroportos. Seja na alegria ou na tristeza, das saídas e chegadas; seja na saúde ou na doença, dos passeios ou dos imprevistos. No aeroporto, ou você chora, ou é solidário às lágrimas dos outros. Sem falar que Sabrina não tem conhecidos com o costume de viajar de avião. Então, seria o lugar prefeito para não encontrar ninguém.</div><div style="text-align: justify;"><br />
Ela foi ao aeroporto afim de ver pessoas e imaginar suas histórias. Se gostasse, escreveria, se não, olhava para outra pessoa [ela sempre andava com um caderninho]. Chegou, foi à praça de alimentação, pediu um café [desistiu de comer depois que examinou os preços] e começou.<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Aquele cara de terno e gravata, falando aperreado ao celular, mas tomando cuidado para não ser escutado... tem cara de vereador que está sendo investigado por corrupção. Conversando com assessores e medindo as palavras devido à quebra de sigilo telefônico... essa história já está trivial, acontece sempre... <br />
<br />
Continua.<br />
<br />
- Aquele bebezinho, no colo de sua mãe, recebe o que pode ser o último beijo do pai, que se despede. Quem sabe seus “dias dos pais” serão tristonhos. Quem sabe a mãe dele se junta com um ótimo padrasto. Qual escrevo? A história boa ou a ruim? Melhor não escrever... <br />
<br />
Próxima pessoa.<br />
<br />
- Aquele rapaz, que parece muito com o Caio, meu ex... do lado daquela mulher, que parece minha ex-sogra e aquela turma, que parece muito com os amigos do meu ex e que, inclusive, estão apontando para mim. <br />
<br />
Um dos pontos positivos do aeroporto deu errado. Realmente era o Caio, a ex-sogra [que tentou segurá-lo para que não fosse até ela...] e a velha turma. Ele, sozinho, se aproxima de Sabrina e começa a conversa.<br />
<br />
- Veio se despedir de mim também? <br />
- Não! Eu vim passear... é... deixa para lá... você está indo para onde? [Ai meu Deus, ele está rindo de mim!] <br />
- Para Espanha. Fazer pós-graduação em Administração em Agronegócio. <br />
- Legal! Boa sorte! <br />
- Olha, eu já vou! Meu embarque é agora! Tchau. <br />
- Tchau! Boa sorte! <br />
<br />
Sabrina estava abismada. Ele se formou, e ela não sabia. Ia viajar, e ela não sabia. E o pior, tinha umas garotas que estavam com a turma, que ela não sabia quem eram!<br />
<br />
Tomou o último gole do café e começou a chorar. Mas foi tempo chorando soluçadamente até que o garçom lhe trouxe outra xícara de café sem ela pedir. Na hora, ela nem se tocou, bebeu mesmo e junto com a calma, chegou a pergunta. Quem pediu esse café? Sabrina chamou o garçom.<br />
<br />
- Desculpe, mas eu não tinha pedido esse café. <br />
- Nós sabemos, Senhorita. Foi cortesia da casa! <br />
- Ah sim! Mas eu faço questão de pagar. Me dê a conta com os dois cafezinhos, por favor! <br />
- Pois não! - Ele pegou um recibo, escreveu “seu telefone” e entregou-a. <br />
- Desculpe, mas eu não entendi. <br />
- É a única coisa que quero pelos cafés! <br />
- Ah não! Está aqui o dinheiro, eu fiz a conta de cabeça. - e entregou o dinheiro. <br />
- Então o telefone pode ser como gorjeta? <br />
<br />
Sabrina estava abismada. Pegou o papel e anotou seu número de celular e seu nome. Ele agradeceu e se retirou. Antes mesmo dela sair do aeroporto, recebeu uma mensagem que diz assim.<br />
<br />
“Esqueceu o seu troco, está aqui: -número- Daniel. Espero não ter lhe deixado abismada, mas é que não gostei de lhe conhecer triste e só. Podemos nos conhecer de novo?”.</div><br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div>ESCUTANDO NO MOMENTO: Carolina - Nara Leão<br />
LENDO NO MOMENTO:<i> Triste fim de Policarpo Quaresma - pg. 75.</i><br />
<i> </i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-80261116995546850122011-06-16T21:49:00.000-03:002011-06-16T21:49:11.162-03:00Triângulo Louco<i>Poesia em sequencia da passada, ela já fala por si só. Leiam.</i><br />
<br />
<style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style> <br />
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Triângulo Louco</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">!</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">e</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><i>se de</i></div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">repente</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">O triângulo</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Se entendesse?</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E começassem algo</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Inusitado e feliz</i>, como</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Por exemplo, o Um ficando</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Com os outros Dois! E esses Dois,</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Gostando de estar com o Um</i>. E mais,</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Se esses Dois passarem<i> a se gostar também!</i></div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Ah! Como descomplicaria esse triângulo amoroso!</div><br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div><br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Só Deus é quem sabe - Martinália</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Solar - Ian McEwan - pg. 235// Dentro da Noite - João do Rio - pág. 175 // Triste fim de Policarpo Quaresma - pg. 39.</i><br />
<i> </i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-18349761051694478502011-06-10T08:08:00.000-03:002011-06-10T08:08:16.095-03:00Triângulo Triste<i>Uma das primeiras postagens desse blog, reposto para que meu novo público possa ler das das minhas melhores poesias. Hoje posto 'Triângulo Triste e na próxima quinta postarei 'Triângulo Louco'.</i><br />
<br />
<br />
<style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style> <br />
<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Triângulo Triste</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Como é complicado um triângulo amoroso!</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Dois gostam de Um e Um gosta de Todos.</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E se os Dois se conhecerem?</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E se o Um não percebesse?</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E se alguém chorar?</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E tudo terminar</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">De um jeito</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Triste</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E só</div><div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> ?</div><br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div><br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Cruel - Luis Melodia</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Solar - Ian McEwan - pg. 235// Dentro da Noite - João do Rio - pág. 102 // Triste fim de Policarpo Quaresma - pg. 18.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-21873337168631964332011-06-02T21:45:00.000-03:002011-06-02T21:45:17.983-03:00Os textos mais tristes<div style="text-align: justify;"><i>Continuando com textos tristes, correlaciono aqui dois links, um com o meu texto mais triste e outro com o filme inspirado no conto mais triste que eu já li:</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://caribeironeto.blogspot.com/2009/07/por-falta-de-gentileza.html">Por falta de gentileza</a> é um conto que faz parte do meu futuro livro 'Desenho Urbano. Mais ou menos em 2008, sonhei com essa história, tal qual está aí, acordei assombrado e, para conseguir voltar a dormir, tive que escrevê-lo. Não conheço nenhum personagem envolvido, eles não se parecem com ninguém que conheço, eu simplesmente sonhei e escrevi.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=_rill4j6c0k">A Pequena Vendedora de Fósforos</a> é um conto de fadas que li ano passado. Este filme é uma adaptação do conto de Hans Christian Andersen que quase me fez chorar no ônibus. O filme ainda corta umas partes bem pesadas, como ela não poder voltar para casa senão seu pai a bateria, ou essa mulher que aparece para levá-la é a avó dela, que ela era muito apegada e que faleceu há pouco tempo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Impossível não ligar a condição de vidas nas duas histórias e como a sociedade faz que não vê esses seres e que farão pouco caso de suas mortes.</i></div><br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div><br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Eu apenas queria que você soubesse - Álbum Geral [1987] - Gonzaguinha</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Solar - Ian McEwan - pg. 228// Dentro da Noite - João do Rio - pág. 54 // Licânia - Clauder Arcanjo - pág. 52.</i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-647189397294708522011-05-27T11:25:00.000-03:002011-05-27T11:25:20.328-03:00Seu Elias e a personificação da tristeza<i>Conto escrito inspirado na música "No Hospital", de Amado Batista. Olhe, adoro músicas tristes, mas essa talvez seja a mais triste que já escutei em toda a minha vida e merecia essa homenagem.</i><br />
<br />
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<!--
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P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style> <br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><span style="font-size: large;"><b>Seu Elias e a personificação da tristeza</b></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Nunca vi um sorriso no rosto daquele homem. Eu, muito novo na região, não entendia o fato dele ser o mais isolado da vila que mais parecia uma família só. Todas as datas comemorativas eram festejadas na pracinha circular que havia ao centro <i>e ele ou não participava, ou figurava coadjuvantemente.</i></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><i>Seu Elias era a personificação da tristeza e o que mais me espantava era que todos da vizinhança não se incomodavam com isso.</i> Perguntando um pouco para cada um, descobri os retalhos da maior história da sua vida.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Ele e sua esposa formavam o casal mais bonito que poderia existir. <i>Um amor perfeito, que ninguém poderia supor que um dia fosse se acabar.</i> O único problema é que eles não conseguiam ter um filho. Sempre tentavam e não conseguiam,<i> foram à rezadeiras, tentaram de várias maneiras e ajuda médica.</i></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Com o acompanhamento médico, Dona Paula conseguiu engravidar <i>e eles tiveram os melhores 7 meses da vida deles.</i> Seu Elias não se cabia de tanta felicidade. <i>Era alegria em capacidade máxima, que transbordava por sua boca, seu sorriso.</i> Na época, ele tinha 29 anos e aquele filho era o que faltava para ele se sentir um adulto completo.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Era uma gravidez de risco e as complicações vieram. Correram ao hospital e ela foi levada pelos enfermeiros. O final da história, depois de muito pensar sobre como conseguir a melhor informação, tive coragem de perguntar diretamente a ele, que me contou que Dona Paula e seu filho não saíram com vida da sala.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><i>- No hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via, você sofrendo a sorrir. E seu sorriso, aos poucos se desfazendo, então vi você morrendo, sem poder me despedir.</i></div><br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div><i>Quem quiser escutar a música, veja o vídeo <a href="http://letras.terra.com.br/amado-batista/1042200/#autoplay">aqui</a>.</i><br />
<br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div><br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Vamos Nelson - Gonzaguinha</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Solar - Ian McEwan - pg. 160// A condessa sangrenta - Alejandra Pizarnik - pg.25</i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-89488378008442672242011-05-19T23:06:00.000-03:002011-05-19T23:06:38.789-03:00Cinco anos de Eufonia<style type="text/css">
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</style> <br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Hoje, 19 de maio de 2011,<i> comemora-se 5 anos da minha maior paixão</i>. O Grupo Eufonia de Literatura. Antes chamado de GEP <i>(Grupo de Escritores e Poetas)</i>, de Grupo Literário APPLE<i> (Amantes da Prosa e Poesia, Lida e Escrita)</i>, o Eufonia já passou por profundas modificações ao longo de sua existência, que, acho, é o que marca fundamentalmente o nosso grupo:<i> Nosso grupo é o que somos; se mudam as pessoas, muda o Eufonia.</i></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Eufonia é o primeiro termo do nome científico do pássaro Vem-vem – <i>há nome mais acolhedor que este?</i> – e, como pássaros, não queremos gaiolas: Nossos encontros se chama “Arribações” e o local que nos encontramos se chama “Ninho” – <i>pois queremos nos aconchegar</i>.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Tenho profundo prazer em ser nomeado “<i>Segundo-Ministro do Grupo Eufonia de Literatura</i>”, liderando nosso grupo desde que eu e Pedro Gurgel o fundamos. Agora meu parceiro na organização é o “Vice-Rei” Hermes Veras, que ajuda bem mais do que imagina. Vou para de citar nomes por aqui,<i> porque o número de pessoas que já passaram por nós é enorme.</i></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Digo que o Eufonia é minha vida, pois nesses cinco anos muito já fiz para mantê-lo. Encontros de três horas, duas vezes por semana; aos sábado pela manhã; aos domingos à tarde. Já percorri muitos cantos da cidade, atrás de um local perfeito para residirmos.<i> Já organizei encontros com mais de 20 pessoas; já organizei encontros para duas pessoas e já teve uma única vez que só eu apareci.</i></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Contudo, pensar em desistir nunca foi hipótese. Não é possível minha vida sem um Grupo Eufonia de Literatura.<i> Posso morar em outro lugar, posso virar milionário, posso ir para a cadeia. Em qualquer circunstância possível, em algum momento da semana, haverá uma arribação em algum ninho por aí.</i></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Atualmente, nos encontramos na Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira, na Av. Da Universidade, em frente a Casa Amarela da UFC; toda terça-feira; às 19 horas e 10 minutos. Lá, podemos exercer nossas diretrizes:</div><ol><ol><ol><li><div align="JUSTIFY" class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> <i>Teoricamente, um grupo de discussão e pesquisa literária;</i></div></li>
<li><div align="JUSTIFY" class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><i> Na prática, uma reunião de amigos (ou para se fazer amigos), onde conversamos sobre literatura e adjacentes;</i></div></li>
<li><div align="JUSTIFY" class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><i> E essencialmente, um local para ouvir e ser ouvido.</i></div></li>
</ol></ol></ol><div align="JUSTIFY" class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"> Finalizo com um de nossos lemas, que eu considero como a principal base do que construímos: <i>A fuga do tema é fundamental.</i><span style="color: gold;"> </span> </div><br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
<div style="text-align: center;">--x--X--x--</div><br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Álbum Gonzaguinha da Vida - Gonzaguinha</i><br />
LENDO NO MOMENTO:<i> Solar - Ian McEwan - pg. 88// A condessa sangrenta - Alejandra Pizarnik - pg.25</i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-23449915397525272582011-05-19T22:34:00.000-03:002011-05-19T22:34:47.676-03:00Metendo ou levando peia<i>Mais um texto com histórias do meu Ceará! Se você tem algo para me corrigir, não pense duas vezes, faça!</i><br />
<br />
<style type="text/css">
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-->
</style> <br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><span style="font-size: large;"><b>Metendo ou levando peia</b></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Cearense é bicho inquieto mesmo. Sempre diminuído pelos outros, mas sempre marcou a história com a valentia e a habilidade de fazer algo diferente. Tratarei nesta crônica das batalhas cearenses e de como os desfechos foram sempre tristes, mas inusitados.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Canudos, a história contada por Euclides da Cunha, em Os Sertões; e por Vargas Llosa, em Guerra do Fim do Mundo, é bem conhecida e todo mundo sabe seu desfecho. O exército brasileiro chegou matando todo mundo, incluindo velhos, mulheres e crianças, sob a justificativa de eliminar uma sociedade comunista.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Tudo começou com um cearense, de Quixeramobim, Antonio Conselheiro, que saiu peregrinando pelo sertão e foi seguido até o interior da Bahia. Lá eles pararam, montaram suas barracas, produziam o que podiam em conjunto e o que não podiam, compravam, também em conjunto. Foi o suficiente para serem acusados de comunas. Os agricultores tiveram que se armar com o que podiam e resistiram bem, até que chamaram o capitão não sei das quantas, veterano da Guerra do Paraguai, para acabar com a “baderna”. Foi sangue, negada.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Confederação do Equador, alguns estados nordestinos se reuniram e queriam se desligar do Brasil. Entre os líderes, Frei Caneca. Essa força revolucionária, se eu não me engano, chegaram a tomar posse do Ceará e do Rio Grande do Norte, mas depois não resistiram ao fogo do exército brasileiro e não obtiveram sucesso.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">A pena para Frei Caneca: fuzilamento na praça do Passeio Público. O procedimento normal seria sete soldados atirarem no alvo ao mesmo tempo, cada um em um ponto vital para que a “culpa” não ficasse numa pessoa apenas. Mas o Frei tinha moral, e ninguém queria atirar nele, então cada um dos sete soldados tiveram a ideia de não atirar e deixar o “criminoso” morrer com 6 balas letais. Resultado foi que o patente-superior-de-porcaria deu vários gritos de fogo e ninguém atirava. Teve ele que pegar sua arma e atirar somente uma vez para matar o cabra bom cearense.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Engraçado é que estou falando de religiosos liderando movimentações que geraram muito sangue, mas nada se compara a Padre Cícero. O Padim, que estava doido para ir na política, escondeu o ex-governador em Juazeiro do Norte, que estava sendo procurado. A polícia veio atrás deste último e o Cição não deixou; incitou a população a pegar em armas, que não deixaram ninguém entrar na cidade, fizeram os policiais fazer carreira, que batiam os calcanhares em suas próprias bundas. O padre aproveitou a situação e, dizem os livros de história, rumou com a população para Fortaleza, para tomar o poder. Assim o fez e se tornou Vice-Governador. Pacífico, né? É, é santo...</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Mas loucura mesmo foi o caso da fazenda Caldeirão. Com a fama do Padre Cícero correndo muito, várias pessoas do nordeste inteiro vinham para perto dele. Assim, o Cariri ficou repleto de moradores de rua. Um grupo foi pedir ajuda ao Padim e, como ele tinha uma fazenda desocupada, este disse que eles poderiam ir para lá e trabalhar na terra. Como ele tinha ganhado uma vaca de um fazendeiro, aproveitou e disse para eles cuidarem da sua vaquinha. Pra quê? Começaram a endeusar essa vaca. Ganhava tudo do bom e do melhor.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">O exército brasileiro, mais uma vez, achou que isso era coisa de comunas e sentou o pau. Sendo que eles tinham um brinquedo novo e resolveram usar só para não enferrujar: aviões de guerra. É isso mesmo, eles bombardearam uma fazenda cheia de brasileiros que só queriam viver na fazenda do seu líder. Mas foi peia, teve até uma resistência, mas não dava para comparar as forças e os recursos.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Mas esse negócio de lutar vem desde bem antes, o Siará foi uma das últimas capitanias hereditárias a serem colonizadas porque os índios daqui eram muito valentes. Holandeses e franceses bem que tentaram dominar o local, mas os bugres fizeram eles pedirem pinico. Os portugueses só conseguiram se chegar devagarinho por causa de acordo realizado entre as duas partes. E só para não falar de religião, esse cessar fogo teve a mediação dos jesuítas Francisco Pinto e Pereira Filgueira.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Só para polemizar o final: catolicismo e batalhas, coincidentemente entrelaçados?</div><br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
-------------------------------------------<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Gil Luminoso - Gilberto Gil</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Brincar com Armas - Pedro Salgueiro - Pg. 69 // A condessa sangrenta - Alejandra Pizarnik - pg.25</i><br />
<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-8395363125055789052011-05-05T07:59:00.000-03:002011-05-05T07:59:10.504-03:00Estrelas justapostasÚltima poesia que escrevi, numa noite de vitória do vozão e bom papo com amigos.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: large;">Estrelas justapostas</span></b><br />
<br />
<br />
Desculpem-me quem for conservador,<br />
para quem for constrangedor,<br />
por não ser defensor das juras de amor<br />
ao céu do interior.<br />
<br />
Se o seu céu é azulado,<br />
mais estrelado,<br />
não me desagrado ao admirá-lo.<br />
<br />
Mas não diminuam meu céu urbano,<br />
que é lindamente mais negro,<br />
meio roxeando.<br />
Nossas nuvens são véus,<br />
que não deixam ao léu<br />
nossos troféus:<br />
A lua e as estrelas, que,<br />
não se oponham, também são nossas<br />
e que, combinadas<br />
com as luzes justapostas,<br />
tornam os postes,<br />
as janelas dos apartamentos<br />
em estrelas caídas -<br />
loucas para realizarem desejos.</div><br />
CA Ribeiro Neto<br />
<br />
--x---X---x--<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: Hoje - Dalva de Oliveira<br />
LENDO NO MOMENTO: <i>As Religiões no Rio - João do Rio - pg. 210 // A condessa sangrenta - </i>Alejandra Pizarnik - pg. 13<br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-83835900284071647802011-04-28T21:54:00.001-03:002011-04-28T21:56:59.741-03:00Carta-cantada, e outras segundas intenções.<div style="text-align: justify;">Cartas estão fora de moda, mas porque não revivê-las? Se o objetivo é a comunicação, fale por elas e pelas entrelinhas. <i>Carta-cantada</i> é um conto que escrevi com o pseudônimo <i>Wallace Lago</i> e que saiu do meu livro '<i>Desenho Urbano</i>' aos 45 do segundo tempo.</div><br />
<style type="text/css">
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-->
</style> <br />
<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">Carta-Cantada</span></b><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
Com licença, mas, observando-a, tenho a impressão de que você é muito inteligente. Exatamente por isso, que me utilizo deste papel, para saber se estou à altura. Se minha dedução estiver correta, você, como mulher inteligente, deve se interessar por pessoas de mesma qualidade.<br />
<br />
Você deve estar achando estranho essa carta-cantada, porque o que eu escrevi até agora, nem mostrou se sou inteligente, como também não demonstrou nenhuma palavra de conquista, então irei começar.<br />
<br />
Quando a vi chegar no cinema, sentar relativamente próxima à cadeira em que eu estava, colocar os óculos e rodar a vista em toda a sala de projeção até pará-la em mim, percebi que me deparava em um momento único. Senti-me atraído por você só de te olhar, mesmo sem conseguir distinguir seu rosto e seu corpo. As únicas coisas que eu conseguia visualizar era seu loiro cabelo, sua roupa preta, seu jeito de se movimentar e, principalmente, de olhar.<br />
<br />
Inclusive, esse último, foi o que mais chamou a minha atenção. <i>Um olhar diferenciado, que demonstra não estar procurando algo, mas deixa claro que não lhe permitiria escapar nada</i>. Um olhar lúcido, de segurar os pés no chão, mas também servia como âncora para os sonhos e para a paixão.<br />
<br />
<i>Um olhar filtrador, que não deixaria o caminho aberto para qualquer marmanjo, permitiria apenas os que julgasse dignos de oportunidade.</i><br />
<br />
Logo após esse nosso cruzamento de olhares, o filme começou. Não fui conversar com você nesse momento, porque não queria atrapalhar o seu momento de distração, mas depois notei que a minha espera não adiantou, pois você não parava de olhar para trás (sempre esse seu olhar...). À partir desse fato, eu indago: quem de nós dois prestou mais atenção no filme? Se a resposta for o meu nome (César Alves), aconselho-te a me responder agora!</div><br />
<br />
<div style="text-align: right;">Wallace Lago </div><br />
<div style="text-align: center;">---x---X---x---</div>Falando em cartas, indico uma música antigona, revivida por Luiz Melodia, no álbum Estação Melodia: <a href="http://letras.terra.com.br/luiz-melodia/1761676/">Recado que Maria Mandou</a>.<br />
<br />
Indico também o conto 'A Carta', do mestre Moreira Campos, incluso no livro 'Dizem que os cães vêem coisas' [Não encontrei link para o texto].<br />
<br />
Indico também um outro texto meu, há muito tempo postado:<a href="http://caribeironeto.blogspot.com/2008/07/um-texto-rpido-para-desabafar.html"> Um texto rápido para desabafar</a>.<br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
----------------------------------------------------------------<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: A mais bonita - Chico Buarque<br />
LENDO NO MOMENTO: <i>As Religiões no Rio - João do Rio - pg. 174 // Inimigos - Pedro Salgueiro - pg. 49</i><br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-10802238876129372322011-04-21T11:24:00.001-03:002011-04-22T13:32:22.591-03:00Flora Figueiredo de sobremesa<style type="text/css">
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-->
</style> <br />
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Flora Figueiredo foi um achado. Indicado pela minha amiga Deniz, escolhi um livro dela na estante aleatoriamente e estou lendo em doses lentas, mas saborosas – este livro é uma goloseima e não um remédio. Entro na Livraria Cultura dez minutos mais cedo do que deveria voltar do horário de almoço, sento numa poltrona e leio alguns poemas do livro 'Amor a céu aberto'. Muitas poesias perfeitas, outras medianas, e uma ou outra que eu tentei, mas não consegui entender, confesso. Flora Figueiredo virou minha sobremesa, <i>se vamos comer Caetano</i>, deixem-me saborear Amor a céu aberto e lamber os dedos. Destaco agora a que mais gostei dela:</div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>TRANCOS, PLANÍCIES E BARRANCOS</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i><br />
</i> </div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i><br />
</i> </div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Terrenos acidentados e planos</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>vêm escrevendo a minha história.</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Alguns danos sei de cor,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>outros, a memória jogou fora.</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Dos sucessos, guardo agora</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>fitas, flores e fatos,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>sorrisos no porta-retratos,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>um rosto suando conquista.</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>(Página dupla pra qualquer revista.)</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Envelheço em todo fevereiro,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>que prefiro receber de frente,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>que costumo sentir de corpo inteiro.</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Quando chegar minha data final,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>que se transcreva exatamente igual</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>em minha cripta:</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>"Intensamente, amou e viveu.</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Felizmente não morreu invicta."</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i><br />
</i> </div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i><br />
</i> </div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Flora Figueiredo,</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><i>no livro Amor a Céu Aberto</i></div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="CENTER" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Ela tem um jeito único e bem feminino de escrever sobre tudo. A vida é difícil para todos, não adianta comparar, o interessante é como olhar para os trancos, planícies e barrancos. “Página dupla para qualquer revista”, pois a vida não é um livro, que trata de basicamente um assunto, ela comporta vários e ao mesmo tempo.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Também prefiro receber de frente o que costumo sentir de corpo inteiro. Afinal, adrenalina no corpo é sempre bom, não acham? Digo, as vezes o que causa a liberação do hormônio pode ser a fuga de um cachorro bravo, uma briga na fila do banco ou o primeiro beijo do garotinho, mas, olhando isoladamente, é bom sentir a adrenalina percorrendo nosso corpo inteiro – e é preferivelmente bom que o primeiro beijo seja de frente ao correspondente também!</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Intensamente amar e viver é jogar; e quem joga está passível de erro e de derrotas. Passar por isso invicto seria não aprender nada, seria não sentir adrenalina.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">Felizmente li Flora Figueiredo.</div><br />
<br />
CA Ribeiro Neto<br />
---------------------------------------------------------<br />
<br />
ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Não fale desse jeito - Ana Carolina</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Pelos Olhos de Maisie - Henry James - Pg. 206 // As Religiões no Rio - João do Rio - pg. 126 / Amor a céu aberto - Flora Figueiredo - Pg. 68.</i><br />
<br />
<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2172922164794289351.post-66706808622991547902011-04-14T22:19:00.001-03:002011-04-14T22:20:26.051-03:00Wallace no divã<div style="text-align: justify;"><i>Quem acompanha meu blog há muito tempo já conhece meu pseudônimo Wallace Lago. Há anos, eu e minha amiga psicóloga Vivi Lima resolvemos fazer uma consulta com Wallace, via msn. Anos depois, hoje, remoendo meus arquivos, encontrei esse arquivo muito engraçado que eu modifiquei literariamente para apresentar aqui, a vocês. Não sei vocês, mas eu achei que o Wallace, nesse texto, fez papel de bobo.</i></div><br />
<b><span style="font-size: large;">Wallace no divã</span></b><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: Bom dia!</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Bom dia, Wallace, pode se sentar, por favor.</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: Obrigado. Mas estamos em desigualdade: você sabe o meu nome e eu não sei o seu...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Melinda Laranjeira, prazer! Serei sua psicóloga e conversaremos um pouco sobre vocês, tudo bem? </div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: O prazer é todo meu, Melinda! Você será minha psicóloga, mas eu serei para você o que quiseres...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: bem, o que te motivou a procurar essa consulta?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: me sinto um pouco discriminado na sociedade, muitos me veem com maus olhos, apesar do relativo sucesso que faço.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: e porque te veem assim?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: porque gosto de fazer as coisas das quais tenho vontade e de conquistas pessoais que tenho interesse. O desejo carnal para mim é muito importante, mas a sociedade nega-a a si, então eu sou o errado da situação.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: o que você chama de desejo carnal?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: o desejo de se envolver com outras pessoas, na verdade, no meu caso, apenas do sexo oposto. Sinto um grande prazer interior ao conquistar mais uma garota e faço disso um dos meus objetivos de vida. Quem não procura seu prazer interior? Mas sou taxado de galinha, de safado e muitas vezes também faço os outros sofrerem...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: e o que você faz da vida, além das conquistas?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: eu escrevo, sabe, sou o chamado ghost writer, escrevo minhas histórias reais e vendo para escritores famosos continuarem suas famas. Principalmente em novelas, muitos ali sou eu.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: e quando começou essa sua sede de conquistas?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: humm, no começo da adolescência... tinha uma vizinha bem mais velha do que eu, ela me seduzia com presentes e depois pedia que eu retribuísse...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Quantos anos você tinha?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: onze, doze, não me lembro ao certo. Ela me ensinava de tudo, tipo, o que eu devia falar para as mulheres, o que elas esperam de um homem. Coisas que julguei que todo homem deveria saber.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: mas você considera que sabe mais que os outros homens, não?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: na verdade, quando descobri que muitos homens não sabem o que eu aprendi, passei a usar isso a meu favor e passei a aplicar tudo que eu aprendi com minha vizinha. Também ela me incentivava a ter namoradinhas e a aplicar o que me ensinava. Daí comecei a aprender também por conta própria.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Você estudou, Wallace?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: estudei sim, sempre em escola pública. Concluí o ensino médio. Na verdade, minha vizinha também me incentivava a estudar. Dizia que mulheres importantes se importavam com isso e que eu deveria me esforçar, principalmente no português, para saber falar direito.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Tem mais alguma coisa que você considere importante a me contar, Wallace?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: por enquanto, deixa eu ver, por enquanto acho que não. Mas quero voltar aqui mais vezes, pode ser? Gostei do seu cheiro e queria senti-lo mais uma vez...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: seu único objetivo seria sentir o meu cheiro?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: não, de jeito nenhum. Preciso entender mais algumas coisas minhas, mas é claro que seu cheiro me ajudará a voltar...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: ainda não consigo perceber o que você deseja entender.</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: quero entender o que todos veem de tão errado em mim.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: você vê algo de errado em você?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: ninguém é perfeito, né? Mas é complicado ver todos me olham como se estivessem vendo o capeta...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Bom, Wallace, acho que seria interessante conversarmos mais uma vez antes de eu ou você decidirmos por um processo terapêutico. Qual a melhor data para você?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: quando você puder, depende da sua agenda. Quem sabe na sexta a noite, na sua casa?</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: sexta a noite seria ótimo, termino um paciente às vinte horas. Nos encontramos aqui, certo?</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: sim, no consultório pode ser também...</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: e acho melhor se contar, Wallace. Ou você quer uma psicóloga ou procura um novo caso. A vida é feita de escolhas.</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: tudo bem, posso escolher uma opção agora e deixar a outra para depois. Então, já me vou indo.</div><div style="text-align: justify;">Melinda Laranjeira: Até sexta!</div><div style="text-align: justify;">Wallace Lago: Até! [um beijo na mão de Melinda]</div><div style="text-align: justify;"><br />
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Vivi Lima & CA Ribeiro Neto<br />
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ESCUTANDO NO MOMENTO: <i>Nunca te amei, idiota - Ana Carolina</i><br />
LENDO NO MOMENTO: <i>Pelos Olhos de Maisie - Henry James - Pg. 112 // As Religiões no Rio - João do Rio - pg. 126 / Amor a céu aberto - Flora Figueiredo - Pg. 48.</i><br />
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<i>Boa Sorte || </i><a href="http://apontarte.blogspot.com/">ApontArte</a>CA Ribeiro Netohttp://www.blogger.com/profile/07240872500980863393noreply@blogger.com3