O voo
Quanto
mais alto é o voo,
Mais forte
é a queda.
Sim, mas
se não sofro de enjoo,
Não tenho
medo de cair de testa,
Se não
sei bem para onde vou,
A visão
de cima parece ser a mais certa.
Se o vento
na cara me acariciou,
Que nem
cachorro na cestinha da bicicleta,
É porque
somente o que me restou,
Foi bater
minhas asas para longe do que me resta.
Quanto
mais longe é o meu destino,
Mais
demorada é a minha chegada.
Mas se eu
ainda sou um menino,
O relógio
pode ser solidário com a minha estrada.
Se ao piar
alto, eu desafino,
Melhor
manter minha boca calada.
O silêncio
é um companheiro franzino,
Mas cresce
com a minha cara amedrontada,
Ele adora
se fazer de santinho,
Mas vira
monstro na solidão da casa.
Quanto
mais fria e baixa é a solidão,
Mais na
gente ela se enrola.
E em dia
de chuva, raio e trovão,
Que nem
avião, quem voa, não decola.
É o
momento de ter atenção,
Ser um
malandro menino, um traquino criançola
Fazer um
voo esquivo, um desvio de prontidão
E fazer
desse caminho um aprendizado de escola:
Não
deixar as asas molhadas pesarem para o chão,
E fugir
como puder da armadilha e da gaiola.
CA Ribeiro Neto
Um comentário:
E "a dança da alegria", não há mais?
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