A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Futebol, pipoca, mulher e guaraná

Como quinto conto da série "Tentativas de Comédias", 'Futebol, pipoca, mulher e guaraná' conta a história de um casal na difícil tarefa de assistir futebol. Primeiramente quero deixar bem claro que o narrador do conto não reflete meus pensamentos. Eu dou características próprias aos meus narradores e esse é bem machista... Eu sei que o conto é grande, mas leiam, por favor!


Futebol, pipoca, mulher e guaraná


Helena bem que tentou, mas se não deu para superar o futebol, resolveu juntar-se a ele. O problema é que ela decidiu isso logo na final do campeonato estadual, contra o arqui-rival. Assim que o namorado Leandro acordou no domingo, ela já disse:

- Benhê, quero assistir ao jogo contigo...

- Como é que é?

- É! Num quero mais discutir com você por querer sua atenção na hora do jogo.

- Você tem certeza, né? Olha, lá no bar do Emersão, onde eu assisto, o pessoal bagunça mesmo!

- Ah não, amor! Quero assistir aqui em casa, ao menos nesse primeiro jogo, para eu ir me acostumando! Faz isso por mim, por favor!

Como não tinha como negar, Leandro aceitou não curtir o jogo com os amigos, para assistir o jogo em casa, com a namorada, sem cerveja e com pipoca – mulher sempre faz pipoca para comer como petisco na hora do jogo... elas devem ver alguma semelhança à cinema... mas tudo bem.

Quinze e quarenta e cinco da tarde. A turma, que já está concentrada desde as treze horas, já ligaram várias vezes, chamando-o para assistir o jogo no Emersão, mas trato é trato e ele desligou o celular para não ser infernizado. Helena chega com a pipoca e guaraná – elas também sempre servem junto com a pipoca, guaraná, talvez para que a coloração do refrigerante nos lembre a cerveja – se senta no sofá toda animada e já chega anunciando como será os noventa minutos seguintes:

- Amor, quais são os times que vão brigar, hoje? É brigar que fala, né?

- Lena, os times são Manchester da Parangaba contra Real Messejana. E eles vão jogar, jogar! Não sei de onde você tirou esta história de “brigar”!

- Ah, Andro, por isso que eu pedi para assistirmos em casa, eu tenho que me acostumar com essas coisas! Nós vamos torcer para quem?

- Pro Real Messejana, de amarelo e cinza.

- Eu num vou torcer para eles não! Não gostei deles! Essa roupa não combina! Vou torcer para esse aí, esse de camisa preta!

- Meu amorzinho, esse é o juiz, ele num tá disputando...

- Mas se ele num tá jogando, o que ele tá fazendo no meio da quadra? Pelo amor de Deus, será que tudo que é organizado por homens tem que ser assim?

- Lena, me diz uma coisa, o que a palavra “juiz” te lembra?

- A pessoa que decide as coisas que os outros não têm capacidade de decidirem sozinhos!

- Érrr, não deixa de ser. Mas então, se eu chamei ele de juiz, deve ser para fazer algo parecido com o que tu falou, né não?

- Ai é! Meu amor é tão inteligente!

- Amor, obrigado, mas olhe, precisamos fazer silêncio para entender o que está acontecendo, tá?

- Tá.

Três minutos depois (estou sendo generoso a dar 3 minutos de silêncio).

- Mas amor, como você me pede silêncio se quando eu passo em frente ao Emersão tá todo mundo gritando?

- É que você só passa na hora do gol!

- Mas quando eu passei pela última vez, vocês não estavam comemorando, estavam falando palavrões!

- Certamente, era porque tinha sido gol do adversário! Faz silêncio, meu amor!

- Tá, tá bom!

Um minuto e meio depois (a minha generosidade também depende dos fatos do jogo).

- Agora essa! Impedimento!

- Amor, o que foi que aconteceu aí? O que é impedimento?

- Você tem certeza que quer que eu explique impedimento?

- Por favor... que é para eu entender isso aí...

- Lá vai, presta atenção. Quando um time está atacando e toca a bola para um jogador lá da frente, esse jogador não pode estar à frente de dois dos jogadores adversários, contando com o goleiro, senão ele estaria levando muita vantagem no lance.

- Como assim, vantagem? Se ele tá ali, problema dos inimigos, num tavam perto por descuido, azar o deles!

- É mesmo... enfim, mas essa é a regra... pera aí, você entendeu, assim, de primeira?

- Entendi, na hora do toque, o jogador não pode estar adiantado perante dois adversários!

- Num acredito! Você entendeu! Nenhuma mulher faz isso! Isso é histórico!

- Ora, mas que bobagem, a gente aprende isso fácil, em shopping!

- Em shopping, como assim?

- Vá numa liquidação antes do horário de funcionamento da loja e fique com os dedos a frente da mulher ao lado, e você saberá o que é levar vantagem!

- Amor, eu te amo!

- Também, querido... ei... você quer mesmo assistir esse jogo... (abriu o decote).

- Hã? O quê?

- Com tanta coisa para gente fazer, você quer mesmo assistir jogo... (puxou a saia, mostrando as pernas bem torneadas).

Leandro não resistiu, desligou a tv, afinal, para ver pernas torneadas, melhor sendo de mulher, mais ainda sendo a da mulher que ama.



CA Ribeiro Neto
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* Amanhã, stand up com Oscar Filho, do CQC. Já comprei meu ingresso!
* Hoje é o Dia Internacional do Livro!
* Novidades, só próxima semana!
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www.aondeeuestavamesmo.blogspot.com
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Da Cor do Pecado - Nara Leão
Boa Sorte

5 comentários:

Hermes disse...

Era a final não, né?

Fau Ferreira disse...

Carlinhos,

esse conto sim, foi bem divertido... ri horrores, mas pode nao ser muito engraçado para outras mulheres que realmente nao entendam nada de futebol... rs Eu só não gostei do final... rsrs achei fraco e irreal... kkk nao acontece assim... mas ficou legal o conto...

Obrigada pelo comment, adorei...

beiiiiiiiiiiiijo

Thiago César disse...

ufa, ainda bem q eu jah tinha lido esse.

Paulo Henrique Passos disse...

Se eu não me engano, esse foi o teu 1º texto que li, no teu blog, há um pouco mais de um ano. Mas reli agora e foi muito mais divertido. Esse superou o anterior, ri ainda mais. Com o perdão da palavra, mas o final ficou literalmente gostoso.

Valeu!

Giovana disse...

ahaha

estava passeando por blogs e encontrei o seu... não pude deixar de comentar...

gostei bastante... apesar de eu ser mulher tbm ri! sempre deixo meu namorado ver a vontade o jogo dele... pelo tempo que dura, não é motivo de briga... o melhor é quando o Palmeiras faz gol! Gosto de ver a felicidade dele, por mais que seja por causa de um jogo.