A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Do Desenho Urbano... 4/11

Quarto capítulo, é agora que entra ar política! Pra quem começar a ler meu blog agora, os primeiros capítulos estão logo abaixo desse.

Do Desenho Urbano à Sombra das Árvores

IV

Era período de eleições, os dois principais partidos da cidade cuidaram logo nas coligações e nos nomes para candidatos a Prefeito.

O PCS, partido da Causa Social, lançou logo seu candidato. Luís César, um ex-favelado, ex-líder comunitário, e agora, grande político da região. Como deputado federal, defendeu um projeto audacioso para a educação, mas foi barrado pela oposição.

O PEC, Partido da Esquerda Capitalista, indicou para a prefeitura, um cara que representa bem a idéia do partido, Lima Chagas é um mega-empresário, mas sua preocupação com os mais necessitados comovia muitos.

Mário é militante do PCS, apaixonado por política, viu o então candidato Luís César crescer no partido e se espelhava bastante nele. Marta, por sua vez, é filiada ao PEC. Já fazia um tempo que ela estava com esse grupo e esse ano foi promovida a coordenadora de um grupo de bandeiradas de semáforo, cargo que, coincidentemente, Mário também exercia no PCS.


C. A. Ribeiro Neto
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* Abarcando o mundo com os braços nessas férias...
* Só
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Você pediu e eu já vou daqui - Nando Reis
Boa Sorte

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

DUàSA 3/11

Prosseguindo com o conto 'Do Desenho Urbano à Sombra das Árvores'. Lê-lo.


III

A aula de Marta acabou às 12 horas, ela passou na lanchonete em frente a faculdade, comprou um suco industrialmente fabricado e foi para a praça onde o encontro foi marcado, que fica na próxima esquina.

Quando ela chega lá, percebe que a praça é grande demais para servir como único ponto de referência, e que eles deviam ter marcado um lugar mais específico, mas ela resolve se sentar no único banco com sombra que havia na praça.

Chega o horário de almoço de Mário e ele corre para o canto marcado. No caminho, percebe que não sabe quem ela é, não olhou o rosto dela, não se lembra da roupa que ela usava, então, quando chegou na praça, foi para um orelhão que estava do lado de um banco, o único que estava na sombra.

O celular do cara começa a tocar, mas Marta não precisa nem atender, reconheceu-o no orelhão e chamou-o para o banco:

- Moço! Quer atender seu próprio celular?

(Risos de ambas as partes)
Mário se senta ao lado da moça e se apresenta:

- Muito obrigado por guardar meu celular! Meu nome é Mário...

- O meu é Marta! Muito prazer – falou ela, meio que interrompendo o que ele falava, com um certo nervosismo. Marta era assim mesmo, se agoniava quando estava apreensiva – Essa vida está uma correria só, né?

- É verdade. A sociedade atualmente está nos engolindo com esse excesso de compromissos de horários marcados. Tudo isso aconteceu porque eu tava tentando descontar o sono que eu não deixei na cama. Estudar e trabalhar não é fácil, mas se meu sonho exige isso, por mim, tudo bem.

- Que bonito, qual o seu sonho?

- Me formar em Direito, servir minha profissão e também tenho planos políticos.

- Que massa! Eu faço Ciências Sociais aqui nessa faculdade. A política também está em meus planos!

- Eu adoraria conversar sobre isso, mas tenho que voltar pro meu trabalho. Quando você quer pela devolução do celular?

- Nada! O que estou fazendo é uma gentileza!

- Ops! Então me desculpe, você sabe como está o mundo hoje! E obrigado pela generosidade!

- Por nada! A gente se encontra por aí! Tchau!

- Tchau!

C. A. Ribeiro Neto
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* Férias, doce férias!
* Novas aquisições literárias: Dona Flor e Seus Dois Maridos, Estorvo, Benjamim e Triste Fim de Policarpo Quaresma.
* Só.
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Escutando no momento: Zé Ferreira, Trepa no coqueiro - Martinho da Vila
Boa Sorte

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Do Desenho Urbano à Sombra das Árvores 2/11

Continuando o conto 'Do desenho urbano à sombra das árvores', eis o segundo capítulo. Ver o primeiro logo abaixo desse.

II

Mário chega no trabalho meio atrasado, leva uma bronca do seu chefe – Sr. Vieira era legal muito de vez em quando – e depois vai para sua mesa.

Ser auxiliar de um advogado não era muito fácil, mas sempre havia tempos livres, o que Mário utilizava para fazer algum trabalho do curso de Direito.

Justamente nesse dia havia trabalho desde cedo. Começou a se concentrar no trabalho, mas depois de quinze minutos resolveu olhar no celular, as horas que faltavam pro almoço. Celular? Celular? Cadê o celular? A primeira coisa que vem à cabeça é roubo, mas não houve situação para que isso acontecesse.

Viu que seu chefe estava ocupado e saiu atrás de um orelhão para ligar pro seu celular.

Tocou uma vez, duas, alguém atendeu no meio da terceira. Uma voz feminina, que parecia já ter escutado antes, a mais linda que já escutou:

- Alô?

- Alô! Eu gostaria de saber onde você encontrou esse celular.

- Ah! Ainda bem que você ligou! Eu estava sentada ao seu lado no ônibus, quando você deixou o celular cair e saiu correndo!

- Ah! obrigado então!

- Então, como faço para te entregar seu celular?

- Onde você está agora? Posso ir buscar na hora do almoço.

- Você conhece a praça Aristides Nogueira?

- Conheço sim, podemos marcar lá?

- Sim,sim, que horas?

- Doze e meia dá para você?

- Dá sim, até mais tarde.

- Até! E Obrigado.

C. A. Ribeiro Neto
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* Adoro fazer suspense...
* Vem novidade por aí...
* Paulo Henrique, o título sugere mudanças, elas virão sim. Quanto a haver técnica no coloquialismo, também é verdade. Esse conto é uma comédia muito leve, então ele pede uma leitura que faça o leitor relaxar. Não só a escolha do vocabulário, como também a pontuação e a inversão da visão do narrador são elementos dessa técnica.
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Carinhoso - Pixinguinha
Boa Sorte

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Do Desenho Urbano à Sombra das Árvores 1/11

Começa-se hoje o conto 'Do Desenho Urbano a Sombra das Árvores', um conto dividido em 11 capítulos. Ele envolve tudo que mais gosto de escrever: romance, comédia e política. Eu já tinha postado-o no meu antigo blog, então, quem me acompanhava desde aquele tempo, terá o prazer de revisá-lo e quem não conheceu, poderá agora!

Do desenho urbano à sombra das árvores


I

Mário, nos seus bem objetivos 30 anos, estava num ônibus, indo de casa para o trabalho, quase dormindo, atrapalhado pelas batidas da cabeça no vidro da janela. O cansaço tomava conta do seu corpo, afinal, trabalhar e estudar era complicado. Sua vida sempre foi sofrida e humilde, mas seus sonhos de um mundo melhor não deixavam ele desistir.

Marta, nas suas belas 23-27 primaveras, ia para a faculdade de ônibus porque seu carro estava na oficina. Ela estava no banco do corredor, ao lado de um cara que tentava dormir, olhou para ele e pensou: “Esse povo que senta na janela para dormir e não olha lá pra fora... aí atrapalha quem quer ver.

Sua incompreensão se deve, talvez, por ela não conhecer o que se passa com aquele rapaz. Sempre teve tudo que queria, pais ricos e sempre por perto. Marta tinha tudo pra ser uma daquelas meninas mimadas, mas não era, se preocupava com o mundo ao seu redor, mesmo parecendo não fazer parte dele. Lia tudo que encontrava sobre política e economia, e tinha suas posições sobre tudo bem formadas.

O celular de Mário vibra, está no modo silencioso, então a moça que está ao seu lado sente também a vibração do aparelho.

Marta, percebendo que o rapaz não acordara, chama-o, avisando que alguém estava ligando-lhe.

Mário acorda meio zonzo, tira o celular do bolso, mas antes de atender, o ônibus dá uma freada brusca, que faz o celular cair no chão. Só agora Mário acordou completamente, ele olha pela janela e grita:

- Pera, Motorista, já passou da minha parada!

E ele sai correndo desembestado e ainda tonto, tentando descer.

Marta iria enfim sentar-se na janela para olhar o desenho urbano, quando percebeu o celular daquele cara no chão. Pegou e guardou sem saber como devolver.


C. A. Ribeiro Neto
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* Sem tempo pra outras coisas
* Doces férias chegando!
* Sinto o APPLE ressurgir!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Magrelinha - Luiz Melodia
Boa Sorte