Hoje, dou uma pausa na série 'Experimentar' para postar um texto político. Aliás, com a proximidade das eleições, postarei, uma vez por mês, um texto sobre a campanha eleitoral desse ano. Sei que alguns de meus leitores não gostam tanto de textos assim, mas eu não me aguento, eu preciso disso... hehehehe
A educação num futuro governo Serra
A disputa presidencial ainda está fria, esperando a Copa passar, mas algumas impressões já podem ser tiradas. Trato mais precisamente dos pronunciamentos do candidato a Presidência José Serra a respeito da educação. Este texto não pretende apontar candidato A ou B como apropriado ou não para o cargo de Chefe do Executivo; apenas analisar quais conclusões já podemos tirar da proposta que este presidenciável declara em suas manifestações.
Em diversos momentos, em suas falas, pode-se perceber a defesa do ensino técnico, sem nada citar o ensino básico e o ensino superior. Um posicionamento desses sendo adotado como política de governo pode acarretar consequências que devem ser levadas em consideração.
Primeiro devemos analisar os dois mandatos de Governo Lula, quando houve um grande incentivo ao ensino superior, criando-se mais universidades e faculdades públicas federais, além de aumentar o número de cursos e de vagas nas já existentes. Sem falar nos financiamentos estudantis, abrindo as postas das faculdades particulares a cidadãos de baixa renda.
No entanto, mantendo-se a prática do fortalecimento da máquina estatal, tradicional característica da esquerda, houve também uma insana procura por empregos públicos, que, em sua maioria, cobravam apenas o ensino médio para concorrer às vagas ofertadas. Com isso, muitos jovens terminavam a educação básica e ingressavam em cursinhos preparatórios para concurso público, sem nem cogitar a hipótese de estudar uma graduação.
Dilma Rousseff, como candidata do governo, não deve modificar as políticas educacional e trabalhista, que influenciam diretamente uma a outra.
Já Serra, em seus discursos e propagandas já divulgados, demonstra oferecer uma nova posição diante da oferta de instrução a população. Como defensor de classes industriais, não é difícil perceber que o candidato do PSDB prefere abastecer o mercado de trabalho com técnicos em mecânica, eletrotécnica, entre outros, a psicólogos, administradores ou advogados.
O ensino superior tem uma importância muito grande numa sociedade ocidental como a que vivemos, pois é ela que dita o desenvolvimento e evolução do país, além de ser também uma unidade de referência intelectual para a população. O ensino técnico também tem suas qualidades, é ela que faz as engrenagens que movimentam o país rodar. É sempre bom ter um técnico em edificações entre um engenheiro e um mestre de obras. Mas seria um retrocesso ter o ensino técnico como carro-chefe de uma política educacional, objetivando o encaminhamento ao emprego.
Ao que aparenta, estamos presenciando uma manobra de popularização, com a intenção de mostrar um benefício de curto alcance. Em quatro anos, na era da nanotecnologia, estaríamos com vários profissionais prontos para utilizar máquinas, enquanto o mundo todo estaria desenvolvendo tais equipamentos. O mundo caminhando num sentido e o Brasil voltaria à era Vargas!
Para registrar o feitio oligárquico dessa proposta, o salário de um técnico é bem inferior a de um graduado, ou seja, não propõe a ascensão social oferecida pelo ensino superior.
Assim, ainda é preciso analisar as posturas dos outros candidatos em relação a educação do país, como também analisar as outras propostas do candidato Serra nas diferentes políticas públicas, mas que essa primeira impressão já está assustando, isso está!
CA Ribeiro Neto
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* A Jéssica de Souza postou semana passada e voltou ao Blogs de Quinta. Quem quer se atualizar quanto ao links que estão no nosso grupo, é só acompanhar a lista do meu blog.
* O Grupo Eufonia de Literatura está sem canto para se encontrar e entrando em contato com o MST...
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Vi no seu olhar - Diogo Nogueira
LENDO NO MOMENTO: Revista da Cultura de Junho/ 21 Contos Inéditos - Carlos Lacerda - Pg. 193.
Boa Sorte