A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Diálogo I: O sorvete que saiu caro

Voltando à série 'Experimentar', apresento-lhes um texto em parceria feito com Hermes Veras , onde um colocava 7 palavras seguidas e o outro tinha que continuar o texto com mais 7 palavras e por aí vai. Saiu um texto com elementos dos dois escritores: de minha parte saiu as críticas ao cotidiano e caprichos da sociedade, da parte dele, os elementos bem cearenses, fortes e diretos.


Diálogo I: O sorvete que saiu caro

- Mô, compra sorvete?

- Num sei... você sempre dorme depois de tomar sorvete.

-  E daí?

- E daí, que você sabe... eu até aprendi uma música nova no violão, essa que toca na novela!

- Hummmmm, então toca. Mas ainda quero sorvete hoje, é desejo!

- Mas amorzinho, a música é bem romântica. Tô precisando daquelas noites de volta, vai!

- Olha o tamanho da minha barriga! Tu nem liga pro nosso filho!

- Ele vai nascer com cara de sorvete, é? (gargalhadas)

- Não! Com a cara do tarado da música safada!

- Mas amor, já são quatro meses sem esquentar o maçarico, aguento mais não!

- Pois trate de sussegar o facho! Já!

- Mulheres! Desisto, vou comprar o sorvete, porém quero ao menos um strip tease. Tudo feito por cê é mara, mô! Começa a se preparar, viu?

- Mas tem umas coisas...tá faltando os acessórios adequatos, dá pra arrumar?

- Isso já tá ficando caro. Bota só os melhores hits para tocar, enquanto vou ver o que faço...

- Onde você vai? Custa nada comprar meu sorvete!

- Vou comprar o sorvete e arranjar algumas cervejas. Sex shop é aberto de madrugada e...

- Ah não! Odeio seu bafo de bebida. Chega. Não quero mais. Só pipoca e sem strip tease! Vai passar Mulher...

- Mulher Menina. Já sei! Odeio esse filme!

- Azar o seu! Vou assistir de porta selada, sozinha, digo, com o bebê! Vá pro sofá sem sorvete, sem cerveja e sem barriguda. Só assim ele nasce com cara de tudo, menos de homem safado!

CA Ribeiro Neto e Hermes Veras
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* PC de volta! Meus textos de volta... meus projetos de volta...
* Nesses momentos percebo o quão dependente disso eu me tornei...
* A vida vai bem, obrigado!
* Eufonia muito bom, gente nova, encontros produtivos!
* Na foto da semana, Ana karine, que estudou comigo na Matemática!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Quintais/Meu Aboio - Gonzaguinha!

LENDO NO MOMENTO: A revolução dos bichos - George Orwell - Pg. 134.

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Resposta da Saudade

Enquanto meu pc não volta, posto o que escrevo ultimamente. Resposta da Saudade veio a partir de um caso que me aconteceu. Minhas amigas da Casa de Cultura Portuguesa marcaram de se encontrar para comemorar o aniversário de uma delas, Catarina, e eu não pude ir. Depois de uns dias eu recebo uma poesia linda, de Sany Medeiros:

Oh! Poeta da minha saudade!
Onde estás? Onde se escondes?
Bem sei q em meio a livros!
Cruéis objetos de meu apreço,
Que agora me apunhalam pelas costas!
Que agora furtam a tua atenção de mim!

Porque junto? Por que separados?
Porquê com acento! Por que que eu não me assento?
Porque me revolto! E me invoco! Não aceito!
Não assimilo que felizes manhãs portuguesas
Agora são apenas gélidas lembranças de um distante passado!

Me esquecestes!

Adeus!

Então, escrevi a resposta na hora:

Resposta da saudade


Sua poesia é bela demais!
No entanto, não é como julgas!
Espero que descubras
Que te admiro mais e mais.

Se a constância da rotina
Tirou-me da suas manhãs
Não tire conclusões vãs
De que saí, também, da sua vida.

Um físico cujo nome já esqueci
Ensinou-me que a matéria não finda
Permanece e se transforma ainda
No que é conveniente se permitir.

Assim sendo, não se iluda
Com a distância que agora se declara
É apenas uma superfície rasa
Do que não desaparece, só muda, muda.

O essencial - amor, carinho
Este está intacto
Não seria uma falta de contato
Que me privaria deste mimo.

Mesmo assim, não nego minha culpa
Desapareci, na primeira oportunidade,
Não por assim querer ou vontade,
Mas por circunstância avulsa.

Peço desculpas e firmo o compromisso:
Estarei presente num próximo momento,
Se perdoar-me, conforme passar o tempo!
eu agradeceria imensamente por isso.


CA Ribeiro Neto
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* Grupo Eufonia está bem lá na Bibl. Dolor Barreira!
* Pela falta de pc, as fotos do topo do blog ficam mais escassas, assim, a da Wanessa continua mais uma semana!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Barulho do ventilador, agora da lan house.
LENDO NO MOMENTO: A Revolução dos Bichos - George Orwell - pg. 68.

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lista de livros que marcaram minha vida

Bem, segue a minha lista de 7 livros que marcaram a minha vida literária e pessoal profundamente. Na próxima semana, assim espero, devo retomar a série 'Experimentar'.



A Revolução dos Bichos, de George Orwell – Este livro é uma fábula que conta a história de uma fazenda inglesa, onde os bichos se organizam para se livrar do domínio humano e conseguem. Porém, os líderes da revolução, os porcos, começam a ter os mesmos hábitos dos humanos como andar de duas patas, se vestir e tiranizar os demais. Ele marcou demais a minha vida leitora por dois motivos distintos. Primeiro porque ele tem um fundamento político que tenho comigo até hoje. Escrito por um socialista e utilizado pelos americanos como arma anticomunista, entendo-o como um decifrador do que é o poder. Segundo porque os personagens são muito bem escritos, o que faz um leigo em política entender bem o livro. 

A Luneta Mágica, de Joaquim Manoel de Macedo – Fala de um homem cego que, pelo desejo de poder ver e se sentir incluído na sociedade, procura os recursos das magia negra, que lhe disponibiliza uma luneta que o faz enxergar. Mas se ele passar um tempo determinado olhando para a mesma pessoa, então ele enxergaria o que há de mal na pessoa observada. Este livro me ensinou que as pessoas são sempre compostas de virtudes e defeitos e que é esse equilíbrio que nos fazem únicos. 

Zezinho: o Dono da Porquinha Preta, de Jair Vitória – O infanto-juvenil mais importante de minha infância, lembro pouco dele. Mas ele fala da vida de uma criança do interior do Brasil, entre seus estudos, brigas de colégio, pais ausentes, pai violento e da amizade e carinho que ele cria com sua porquinha preta. 

Vidas Secas, de Graciliano Ramos – Este é bem simbólico, pois é o principal de uma cadeia de livros do sertão nordestino, que conta com grandes escritores como Graciliano, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Domingos Olímpio, Patativa, entre outros. Tema que sempre vi em minha infância e que sempre gosto de ler. Fabiano e a Baleia nunca saíram de minha memória, e a cena da morte desta última é o trecho de livro mais emocionante que já li. 

Sentimento de Mundo, de Carlos Drummond de Andrade – Vivo falando dele, pois, acho que todos já sabem, foi este livro que me fez largar o poema. Um livro de poesias que trata do mundo – e quem escreve sabe como é difícil escrever poesia sobre o que está externo a você de forma tão interna. Li-o e disse: nunca chegarei a esse nível, agora só faço prosa! 

Dona Flor e seus Dois Maridos, de Jorge Amado – Deu muita raiva ler esse livro, pois era chato você ler um texto tão esculhambado e tão bem escrito ao mesmo tempo! Dava mais raiva ainda não concordar com as atitudes de Vadinho, mas ao mesmo tempo torcer por ele! É como se ele encantasse não só as mulheres e os amigos ao redor, mas também o leitor. Com isso, Amado acaba fazendo uma crítica às regras de sociedade, que muitas vezes castra as pessoas de fazerem o que querem e que não fere a ninguém. 

Almanaque Armorial, de Ariano Suassuna – Um livro de crítica literária, com o que pensa esse grande professor, dramaturgo e literato. Essa leitura me influenciou de tal forma, que acho que modificou minha escrita também. Seus posicionamentos me seduziram de tal forma, que até mudei um pouco o tipo de livros que andava lendo.

 CA Ribeiro Neto
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* Grupo Eufonia agora se encontra na Biblioteca Dolor Barreira!
* Todas as terças, das 19:10 às 20:30!
Na foto desta semana, Wanessa Braga, que trabalha comigo na Livraria Cultura!!!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Barulho do ventilador.

LENDO NO MOMENTO: Os Espiões - Luis Fernando Veríssimo - Concluído / A Revolução dos Bichos - George Orwell - pg. 18 (sim, o mesmo da lista, estou relendo!!!)

Boa Sorte

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Seu Motô, por favor, eternamente, toca Raul!

Bem, meu pc quebrou, mais uma vez, então, não posso continuar a série "Experimentar", apesar de que, um texto quentinho, saindo do forno agora, praticamente criado para ser postado, não deixa de ser uma experimentação. O texto é tão autoexplicativo, que dispensa prolongamentos aqui.



Seu Motô, por favor, eternamente, toca Raul!



Melancolia bateu em mim, ontem, na volta do trabalho para casa. Estava no ônibus, lendo Tchekhov. No som ambiente, umas músicas tolas de uma rádio qualquer, quando, às 19 horas, começa a Hora do Brasil. Então, o motorista desliga o rádio e bota para tocar um cd com músicas do Raul Seixas.
Não era um cd qualquer, eu conhecia aquela ordem de músicas, tanto que quando acabava uma, eu já sabia logo a que iria tocar seguidamente. Percebi que só eu e o cobrador cantávamos com gosto aquelas músicas, e fiquei com vergonha de estar cantando um pouco alto. Mas depois percebi que, na verdade, só cantávamos nós dois, naquele momento, porque poucos conhecem a música “Metrô Linha 743”, pois, quando começou a tocar “Metamorfose Ambulante”, o ônibus praticamente cantou em coro.
Lembrei que Raul Seixas foi o primeiro artista que eu me dediquei a escutar e a entender – logicamente que sem muito sucesso, vide a mínima idade de 13 anos. Lembrei-me de muitas aulas de desconcentração relativa, afinal, eu ficava concentradíssimo nas letras das músicas. Lembrei-me das muitas tardes e noites deitado numa rede, na brisa da Caponga, a escutar e me esgoelar, cantando músicas e mais músicas.
Chegou a música “Sapato 36” e essa nem o cobrador sabia cantar. Cantei sozinho e com gosto, talvez para mostrar aos outros passageiros que essa também é boa, para eles prestarem atenção. Sempre que escuto essa, fico com muita vontade de explicar o que eu entendo dela. A letra fala da repressão que o eu-lírico sente de seu pai, que o obriga a usar um sapato que o aperta.
Para mim, o que Raul quis fazer uma crítica à Ditadura Militar de 1964. Olhem só, 100 (número padrão) menos 36 (um tamanho de sapato muito pequeno para homens, assim como o 37) dá 64 – a dezena e a unidade do ano que tudo começou.
Ele diz que calça o 37 – que também é um número de calçado pequeno – que, fazendo a mesma conta, dá em 63, no governo de João Goulart, tido como comunista.
Não me entra outra interpretação que não seja essa. Mas, de qualquer modo, não expliquei isso tudo a ninguém do ônibus. Até porque a moça ao meu lado dormia, com a cabeça escorada na janela.
Desci do ônibus enquanto tocava a música “Medo da Chuva”, a qual continuei cantando depois, na rua. Preciso registrar que eu pensei seriamente em não descer em minha parada, pois sabia que a próxima música da lista seria “Eu Também Vou Reclamar”. Contudo, a saudade era grande, mas o cansaço era maior.
Caso não conheçam alguma das músicas citadas, por favor, não deixem de escutar e, para finalizar, não posso deixar de citar a minha preferida: “Tu És o M.D.C da Minha Vida”.

CA Ribeiro Neto
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* Trabalho em paz, tudo massa!
* Eufonia com dificuldade de achar local, mais uma vez. Mas há esperanças de boas novas bem boas.
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Nada

LENDO NO MOMENTO: O burrinho pedrês - Guimarães Rosa - Concluído (Sensacional! Quem quiser emprestado, é só pedir!)/ Os Espiões - Luis Fernando Veríssimo - pg. 16.

Boa Sorte

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O que é a esperança?

Voltando à série 'Experimentar...', Posto o texto 'O que é a esperança?', um dos primeiros textos que escrevi - percebe-se pela simplicidade ingênua do texto e do vocabulário - é também um texto muito do bestinha, beirando textos de autoajuda. Mesmo assim, percebe-se já algo parecido com um estilo de crônica que eu iria abordar com frequência.


O que é a Esperança?

De onde será que vem a palavra esperança? Sei lá, para mim ela parece que é uma junção de duas palavras ou de um termo.
Talvez a esperança venha das palavras expectativa e confiança. Faria sentido...
Ou quem sabe poderia vir do termo espelho de mudanças, porque a esperança é torcer para alguma coisa mudar, muitas vezes nós mesmos.
Olhando um caso em especial, me surge esse conjunto: a espiral das lembranças. Pois a esperança pode ser o desejo de que algo volte ao normal.
Outra forma interessante seria a espada da perseverança, afinal, não podemos esperar que o sonho caía em nossas cabeças, isso seria milagre e não esperança.
A resposta, talvez esteja num formato bem mais simples e mais claro: Quem espera sempre alcança.
Mas acho que nenhuma das hipóteses já citadas, correspondem a um sinônimo fiel à palavra esperança, sempre fica faltando algo na explicação de cada tentativa.
Não sei como chegar a uma conclusão, então encerro meu questionamento com esperança: ou de que um dia saberei a resposta desse enigma pessoal, ou de que um dia esquecerei essa preocupação banal!

CA Ribeiro Neto
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* Eufonia sem local certo, mas com expectativas ótimas para a resolução desse problema.
* Blogs de Quinta, Alô! Tá tudo muito calmo pelos blogs...
* Na foto dessa semana, a dança do ventre de minha amiga Virgínia Bezerra!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Metáfora - Preciso aprender a ser só - Gil Luminoso - Gilberto Gil. "Eu preciso aprender a só ser"

LENDO NO MOMENTO: Encerrado o 21 Contos inéditos de Carlos Lacerda. O Burrinho Pedrês - Guimarães Rosa - Pg. 27.

Boa Sorte