A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A educação num futuro governo Serra

Hoje, dou uma pausa na série 'Experimentar' para postar um texto político. Aliás, com a proximidade das eleições, postarei, uma vez por mês, um texto sobre a campanha eleitoral desse ano. Sei que alguns de meus leitores não gostam tanto de textos assim, mas eu não me aguento, eu preciso disso... hehehehe



A educação num futuro governo Serra



A disputa presidencial ainda está fria, esperando a Copa passar, mas algumas impressões já podem ser tiradas. Trato mais precisamente dos pronunciamentos do candidato a Presidência José Serra a respeito da educação. Este texto não pretende apontar candidato A ou B como apropriado ou não para o cargo de Chefe do Executivo; apenas analisar quais conclusões já podemos tirar da proposta que este presidenciável declara em suas manifestações.
Em diversos momentos, em suas falas, pode-se perceber a defesa do ensino técnico, sem nada citar o ensino básico e o ensino superior. Um posicionamento desses sendo adotado como política de governo pode acarretar consequências que devem ser levadas em consideração.
Primeiro devemos analisar os dois mandatos de Governo Lula, quando houve um grande incentivo ao ensino superior, criando-se mais universidades e faculdades públicas federais, além de aumentar o número de cursos e de vagas nas já existentes. Sem falar nos financiamentos estudantis, abrindo as postas das faculdades particulares a cidadãos de baixa renda.
No entanto, mantendo-se a prática do fortalecimento da máquina estatal, tradicional característica da esquerda, houve também uma insana procura por empregos públicos, que, em sua maioria, cobravam apenas o ensino médio para concorrer às vagas ofertadas. Com isso, muitos jovens terminavam a educação básica e ingressavam em cursinhos preparatórios para concurso público, sem nem cogitar a hipótese de estudar uma graduação.
Dilma Rousseff, como candidata do governo, não deve modificar as políticas educacional e trabalhista, que influenciam diretamente uma a outra.
Já Serra, em seus discursos e propagandas já divulgados, demonstra oferecer uma nova posição diante da oferta de instrução a população. Como defensor de classes industriais, não é difícil perceber que o candidato do PSDB prefere abastecer o mercado de trabalho com técnicos em mecânica, eletrotécnica, entre outros, a psicólogos, administradores ou advogados.
O ensino superior tem uma importância muito grande numa sociedade ocidental como a que vivemos, pois é ela que dita o desenvolvimento e evolução do país, além de ser também uma unidade de referência intelectual para a população. O ensino técnico também tem suas qualidades, é ela que faz as engrenagens que movimentam o país rodar. É sempre bom ter um técnico em edificações entre um engenheiro e um mestre de obras. Mas seria um retrocesso ter o ensino técnico como carro-chefe de uma política educacional, objetivando o encaminhamento ao emprego.
Ao que aparenta, estamos presenciando uma manobra de popularização, com a intenção de mostrar um benefício de curto alcance. Em quatro anos, na era da nanotecnologia, estaríamos com vários profissionais prontos para utilizar máquinas, enquanto o mundo todo estaria desenvolvendo tais equipamentos. O mundo caminhando num sentido e o Brasil voltaria à era Vargas!
Para registrar o feitio oligárquico dessa proposta, o salário de um técnico é bem inferior a de um graduado, ou seja, não propõe a ascensão social oferecida pelo ensino superior.
Assim, ainda é preciso analisar as posturas dos outros candidatos em relação a educação do país, como também analisar as outras propostas do candidato Serra nas diferentes políticas públicas, mas que essa primeira impressão já está assustando, isso está!


CA Ribeiro Neto
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* A Jéssica de Souza postou semana passada e voltou ao Blogs de Quinta. Quem quer se atualizar quanto ao links que estão no nosso grupo, é só acompanhar a lista do meu blog.
* O Grupo Eufonia de Literatura está sem canto para se encontrar e entrando em contato com o MST...
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Vi no seu olhar - Diogo Nogueira

LENDO NO MOMENTO: Revista da Cultura de Junho/ 21 Contos Inéditos - Carlos Lacerda - Pg. 193.

Boa Sorte

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Procurando algo

Dando continuidade a série 'Experimentar', o texto da vez é 'Procurando algo', o único texto do meu livro 'Desenho Urbano' que não acontece numa grande cidade. Mas como ele trata das relações interpessoais contemporâneas, achei que seria uma boa incluí-la no livro.



Procurando algo


Ele não sabia o que estava procurando, mas sabia que iria encontrar. Saiu caminhando pela multidão, batendo seu corpo pelos que estavam na passagem, não por má educação, foi por falta de espaço mesmo. Segunda-feira de um carnaval, uma festa no interior do Ceará, com uma banda de forró da região que ainda não conseguiu o sucesso nas rádios cearenses e um homem procurando algo.

Se afastou dos amigos subitamente, falando que iria dar uma volta, um deles se prontificou de acompanhá-lo, mas ele recusou a companhia.

Talvez aquela luz amarelada, ou os respingos de orvalho, ou ainda alguma coisa na bebida o deixou estranho, ele não entendia, mas também não estava fazendo esforço para entender, só queria achar o que estava procurando.

Saiu caminhando lentamente, olhando para todos os lados, atrás de encontrar o que tanto procurava, passou por muitas pessoas, todos o olhavam, achando que ele estava perdido, no entanto, era exatamente o contrário. Recebeu cantadas, em vão, recebeu abraços, não reconheceu os conhecidos, não parava para nada.

Encontrou! Uma linda morena, dos olhos castanhos claros, belos cabelos cacheados, longos e – depois ele descobriu – cheirosos. Com um lindo vestido, florido, frouxo, mas bem próximo ao corpo: linda! Ele chegou, olhou-a nos olhos, respirou fundo e falou:

- Ainda bem que te encontrei!
- Eu tava mesmo te esperando!
- Meu nome é Ezequiel.
- O meu é Ângela.
- Vamos entender só depois?
- Vamos.

Um beijo.

CA Ribeiro Neto
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* Garganta inflamada demais! Sem conseguir falar nada...
* Sem conseguir dormir mesmo mesmo motivo...
* Pelo prazo ultrapassado de um mês sem postar, os blogs de Dalila Fonteles, Jéssica de Sousa, Paulo Henrique Passos e Marcelo Almeida estão fora do Blogs de Quinta.
* Não há bloguistas a espera de novas vagas entre os 15 membros, então, se os membros que saíram nesse momento quiserem retornar ao grupo, basta postar novamente.
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Tudo acabado - Dalva de Oliveira

LENDO NO MOMENTO: 21 Contos Inéditos - Carlos Lacerda - Pg. 188

Boa Sorte

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A liga da fraternidade

Começo agora mais uma série com textos um pouco diferente dos que costumo fazer. A série 'Experimentar' será iniciada com o conto 'Liga da fraternidade', que faz parte de um livro iniciado e logo enterrado que se chamaria 'Vila da Fraternidade'. Esse livro contaria a história de um senhor formado em psicologia, mas que não seguiu a carreira pelo desejo de se tornar padeiro. Assim, fez sua padaria na vila da fraternidade e passou a escrever sobre o que acontecia em tal lugar. Por isso há muitas personagens sem função nesse conto, pois elas deveriam aparecer em outros que não foram escritas!


A Liga da Fraternidade




Era tarde de sábado, por volta das 5 horas da tarde, Dona Alzira, Dona Guilhermina, e Dona Marta conversam na calçada, tio Ângelo, Seu Sebastião e uns primos distantes dele jogam dominó, um pessoal fica no meio da praça, conversando e bebendo cerveja, quando subitamente, aparece aqueles seis garotos: Hugo, Firmino, Rafael, Luiz, Júnior e César, pela ordem dita também cresce a idade, 10, 10, 9, 8, 7 e 6. Todos eles cresceram juntos, sempre brincando todo final de semana.

Nesse dia a brincadeira deles era a que eu mais gosto de ver, a da Liga da Fraternidade, inspiração do Firmino, líder do grupo, em homenagem ao local onde moram, onde batalham e que também é o único lugar que eles conhecem direito. Cada um deles assume uma identidade secreta e vão combater o mal. Sempre colocam umas meias nos braços, um pano de prato no pescoço e até uma fita, feita do resto de calça quando transformada em bermuda, pelas mães dos garotos, é colocada na cabeça.

Então começa a grande batalha contra o incrível Homem invisível e seus comparsas. É uma luta difícil, os vilões são muito poderosos. César, não entende porque sempre ele tem que ser salvo por alguém do grupo e reclama muito quando um deles entra na sua frente, recebendo o soco do “Homem Invisível” e acaba levando o golpe. Ele reclama, mas chega outro e diz que não podemos perder a união brigando assim e fizeram isso por que não podemos lutar contra o vilão sem ele.

Júnior resolveu fazer a cena melodramática da luta. Deu um grito e falou: “Oh não! Ele me acertou!” e caiu no chão. Logo Hugo, César e Luiz fizeram a cobertura, enquanto Firmino e Rafael, foram prestar socorro ao amigo caído no chão. Depois de um tempo, eles se reúnem para realizar o plano secreto.

O plano era utilizar o César de isca. Colocaram ele no meio do praça e os outros ficaram ao redor, escondidos nas plantas. Assim, quando o Senhor da Invisibilidade foi pegar Césinha, todos o cercaram e foram socos e pontapés que não acabavam mais!

A luta continua noite a dentro, até que a mãe de Rafael chama-o pra tomar banho e jantar. Os outros continuam a luta, mas sem motivação, um precisa do outro pra vencer o inimigo. Até que param de lutar, sentam na calçada, e analisam como foi à batalha, ficam se gabando dos golpes surpreendentes que quase matavam o Homem Invisível.

Hugo diz: “Aquele super murro que eu dei nele, quase destruí ele!”.

“Que nada, se eu não tivesse segurado a perna dele, tu nem tinha acertado ele!” diz o Pequeno Césinha.

Assim, eles foram se despedindo e cada um deles foi para suas devidas casas. Os últimos, Luiz e Hugo, se despediram:

“Na próxima vez nós o pegaremos, temos que fazer outro plano!”

Então todos foram embora e deixaram o pobre do Homem Invisível se resguardando e esperando o próximo final de semana, quando a luta recomeçará.

E todos os seis meninos passavam a semana toda pensando em um plano infalível para destruir logo esse monstro que inferniza nossa vila!

CA Ribeiro Neto
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* A inauguração da Livraria Cultura foi um sucesso!
* Quinteiros, agora sim a minha rotina ficará correta e voltarei a comentar no blog de vocês!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Nada

LENDO NO MOMENTO: 21 contos inéditos - Carlos Lacerda - Pg. 179

Boa sorte!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Versos perdidos na desconcentração

Essa poesia nasceu de uma vontade de escrever poesia, mas a falta de concentração me impedia de concluir as poesias que eu começava. Assim, depois de várias poesias perdidas numa folha, reorganizei os versos em outras estrofes e montei uma poesia só. A poesia formada fala de mim e do meu processo com a poesia.


VERSOS PERDIDOS NA DESCONCENTRAÇÃO


Que tal fazer uma poesia
Com versos achados
Em estrofes perdidas?

Drummond me deu uma lição
Mas, das vezes que fui gente,
O amor em negação.

Tudo que para mim converge,
Leva-me à crônica.
Sou a bomba que não explode,
Mas, de certo, não me condenarias.

Acho que você não me entende,
Mas você saberia
Quem abandonou quem:
Eu ou a poesia?

(Só para não virar um soneto,
Um verso perdido)
Como é triste um choro contido.



CA Ribeiro Neto
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* Desculpem a falta de comentário no blog dos amigos quinteiros!
* Mas é a Livraria Cultura em processo de montagem de loja!
* Estou estupendamente dolorido! Tudo dói!
* Mas a loja está ficando bonita que é uma beleza!
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ESCUTANDO NO MOMENTO: De frente pro crime - João Bosco e Daniela Mercury - Cidade do Samba

LENDO NO MOMENTO: 21 Contos inéditos - Carlos Lacerda - pg. 155

Boa Sorte