A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre ausências, por mim e por Domingão

Último livro que li foi Luzia-Homem, do cearense Domingos Olímpio. Muitos só conhecem esse nome porque é numa rua em sua homenagem que ocorre o carnaval mais tradicional de Fortaleza. Mas todo cearense deveria ler esse livro que periga ser o melhor livro que li em 2011. Nele há um trecho muito bonito, sobre a lua e a saudade que Luzia sente do seu amado, com o acalento da amiga Terezinha:

"- Que bonito luar, Luzia. Dá vontade à gente de passar a noite em claro. Como está bem visível! São Jorge e o cavalo empinado. Dizia-me um tapuio velho da Serra Grande que a lua protege a quem quer bem. Quando uma tapuia gentia tinha saudades do marido ausente, olhava para ela, e lá lhe aparecia o retrato da criatura querida, ou nela casavam, conduzidos pelos olhares, as almas do par, separado por léguas de distância.

Luzia, maquinalmente, olhou para a lua a navegar serena no céu nítido, e pensou que, àquele momento, Alexandre também a contemplava, triste e só, por entre as grades do cárcere infecto." - Luzia-Homem, de Domingos Olímpio, pg. 101.

Falando de saudade e da vontade de estar perto, vai uma poesia minha, só para não dizer que não teve nada de meu nessa postagem:

Sempre Presente


Eu queria estar sempre presente
Nas suas horas de agonia,
No momento de calmaria,
Totalmente em sua vida.

Quero estar sempre presente
Nos seus sonhos e orações,
Quero estar em seus grilhões
De forma voluntariosa,
Pode ser impiedosa,
Mas quero estar sempre presente.

Quero te dar toda a atenção
E em meu coração
Você está sempre presente.
Para acabar com a solidão,
Para repetir-me à exaustão
Vou estar sempre presente.

CA Ribeiro Neto
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ESCUTANDO NO MOMENTO: A fim de voltar - Tim Maia
LENDO NO MOMENTO: Pelos Olhos de Maisie - Henry James - Pg. 43 // As Religiões no Rio - João do Rio - pg. 101 / Amor a céu aberto - Flora Figueiredo - Pg. 40.

Boa Sorte

8 comentários:

Anônimo disse...

Um tema muito explorado na literatura, mas o Olímpio explorou bem direitinho né...não é lindo? Cada um olhando para a lua, em seus lugares, pensando no outro. Pode ser porque eu sou besta, mas acho isso belo.

E o seu poema, é sempre presente mesmo, você fez questão de enfatizar ehauehauea. tu tem umas manias, umas perspectivas, que acho interessante, que geralmente, por mim mesmo, eu nunca pensaria. Seria interessante estar nas orações e sonhos de uma pessoa.

Thiago César disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

É o que o Hermes disse, eu sempre acho bonito também essa associação de que as duas partes estão olhando para o mesmo ponto, longe um do outro e pensando um no outro. No livro, a Lua. É bacana, mexe com teus pensamentos. E geralmente a gente guarda isso só pra gente.

Thiago César disse...

nao seria "só pra NÃO dizer que não teve nada meu..."?
e "estar" no ultimo verso da 2a. estrofe!
presta atenção, carlos! hehe...

quanto ao poema, quem dera eu ter a mesma determinação q o eu-lirico!

faoliveira disse...

Sobre o poema quem dera eu fazer algo como você.
Tenho que ler autores cearense, to devendo. Você disse que Luzia-Homem tem perigo de ser um dos melhores livros de 2011, tentarei ler depois.

Joaquim R. disse...

tambem faz tempo que nao leio nenhum escritor cearense...pensando melhor, faz tempo que nao leio nada...mas o fragmento é bem bonito...gostei do poema tambem...tenho inveja das pessoas que conseguem expressar coisas belas em poemas (ando meio poluido ultimamente)...gostei muito do blog, agora que tive a oportunidade de dar uma olhada com mais calma...a ideia de dividir com os outros o que lemos e ouvimos é muito legal.

A moça da flor disse...

eu conheci o Domingos Olimpio, escritor anteriormente de conhecer a rua hehe...
Eu li parte desse livro quando tinha uns 13 anos. Mas não me recordo pq não terminei... tava gostando era muito da história.
Eu sempre foi apaixonada por essa forma simples e bonita de ver o mundo. Nesse livro tem muito dessas descrições, coisa que acho muito bacana. Vai ser o próximo livro que vou ler (ou reler hehe)
Essas coisas que me lembram como eu amo o Nordeste e como o acho bonito!

lucas lima disse...

Poxa! A saudade, é tão Lua