A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Wallace no divã

Quem acompanha meu blog há muito tempo já conhece meu pseudônimo Wallace Lago. Há anos, eu e minha amiga psicóloga Vivi Lima resolvemos fazer uma consulta com Wallace, via msn. Anos depois, hoje, remoendo meus arquivos, encontrei esse arquivo muito engraçado que eu modifiquei literariamente para apresentar aqui, a vocês. Não sei vocês, mas eu achei que o Wallace, nesse texto, fez papel de bobo.

Wallace no divã



Wallace Lago: Bom dia!
Melinda Laranjeira: Bom dia, Wallace, pode se sentar, por favor.
Wallace Lago: Obrigado. Mas estamos em desigualdade: você sabe o meu nome e eu não sei o seu...
Melinda Laranjeira: Melinda Laranjeira, prazer! Serei sua psicóloga e conversaremos um pouco sobre vocês, tudo bem?
Wallace Lago: O prazer é todo meu, Melinda! Você será minha psicóloga, mas eu serei para você o que quiseres...
Melinda Laranjeira: bem, o que te motivou a procurar essa consulta?
Wallace Lago: me sinto um pouco discriminado na sociedade, muitos me veem com maus olhos, apesar do relativo sucesso que faço.
Melinda Laranjeira: e porque te veem assim?
Wallace Lago: porque gosto de fazer as coisas das quais tenho vontade e de conquistas pessoais que tenho interesse. O desejo carnal para mim é muito importante, mas a sociedade nega-a a si, então eu sou o errado da situação.
Melinda Laranjeira: o que você chama de desejo carnal?
Wallace Lago: o desejo de se envolver com outras pessoas, na verdade, no meu caso, apenas do sexo oposto. Sinto um grande prazer interior ao conquistar mais uma garota e faço disso um dos meus objetivos de vida. Quem não procura seu prazer interior? Mas sou taxado de galinha, de safado e muitas vezes também faço os outros sofrerem...
Melinda Laranjeira: e o que você faz da vida, além das conquistas?
Wallace Lago: eu escrevo, sabe, sou o chamado ghost writer, escrevo minhas histórias reais e vendo para escritores famosos continuarem suas famas. Principalmente em novelas, muitos ali sou eu.
Melinda Laranjeira: e quando começou essa sua sede de conquistas?
Wallace Lago: humm, no começo da adolescência... tinha uma vizinha bem mais velha do que eu, ela me seduzia com presentes e depois pedia que eu retribuísse...
Melinda Laranjeira: Quantos anos você tinha?
Wallace Lago: onze, doze, não me lembro ao certo. Ela me ensinava de tudo, tipo, o que eu devia falar para as mulheres, o que elas esperam de um homem. Coisas que julguei que todo homem deveria saber.
Melinda Laranjeira: mas você considera que sabe mais que os outros homens, não?
Wallace Lago: na verdade, quando descobri que muitos homens não sabem o que eu aprendi, passei a usar isso a meu favor e passei a aplicar tudo que eu aprendi com minha vizinha. Também ela me incentivava a ter namoradinhas e a aplicar o que me ensinava. Daí comecei a aprender também por conta própria.
Melinda Laranjeira: Você estudou, Wallace?
Wallace Lago: estudei sim, sempre em escola pública. Concluí o ensino médio. Na verdade, minha vizinha também me incentivava a estudar. Dizia que mulheres importantes se importavam com isso e que eu deveria me esforçar, principalmente no português, para saber falar direito.
Melinda Laranjeira: Tem mais alguma coisa que você considere importante a me contar, Wallace?
Wallace Lago: por enquanto, deixa eu ver, por enquanto acho que não. Mas quero voltar aqui mais vezes, pode ser? Gostei do seu cheiro e queria senti-lo mais uma vez...
Melinda Laranjeira: seu único objetivo seria sentir o meu cheiro?
Wallace Lago: não, de jeito nenhum. Preciso entender mais algumas coisas minhas, mas é claro que seu cheiro me ajudará a voltar...
Melinda Laranjeira: ainda não consigo perceber o que você deseja entender.
Wallace Lago: quero entender o que todos veem de tão errado em mim.
Melinda Laranjeira: você vê algo de errado em você?
Wallace Lago: ninguém é perfeito, né? Mas é complicado ver todos me olham como se estivessem vendo o capeta...
Melinda Laranjeira: Bom, Wallace, acho que seria interessante conversarmos mais uma vez antes de eu ou você decidirmos por um processo terapêutico. Qual a melhor data para você?
Wallace Lago: quando você puder, depende da sua agenda. Quem sabe na sexta a noite, na sua casa?
Melinda Laranjeira: sexta a noite seria ótimo, termino um paciente às vinte horas. Nos encontramos aqui, certo?
Wallace Lago: sim, no consultório pode ser também...
Melinda Laranjeira: e acho melhor se contar, Wallace. Ou você quer uma psicóloga ou procura um novo caso. A vida é feita de escolhas.
Wallace Lago: tudo bem, posso escolher uma opção agora e deixar a outra para depois. Então, já me vou indo.
Melinda Laranjeira: Até sexta!
Wallace Lago: Até! [um beijo na mão de Melinda]



Vivi Lima & CA Ribeiro Neto

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ESCUTANDO NO MOMENTO: Nunca te amei, idiota - Ana Carolina
LENDO NO MOMENTO: Pelos Olhos de Maisie - Henry James - Pg. 112 // As Religiões no Rio - João do Rio - pg. 126 / Amor a céu aberto - Flora Figueiredo - Pg. 48.

Boa Sorte || ApontArte

3 comentários:

Fau Ferreira disse...

Ai! Que saudades da Vivi. Que bom lê-la através de ti.

Gosto do Walace também, apesar de não concordar com ele em algumas das histórias que soube... rs

Um grande abraço Carlinhos,

Thiago César disse...

mash, eh o bom issae!

Paulo Henrique Passos disse...

O Wallace, pelo que eu conheco dele, foi muito contido nessa consulta. Mas não deixou de ser um tantinho inspirador