Camila Travassos me desafiou a ela fazer um texto sobre Fortaleza e eu fazer um sobre Belém do Pará, um sem conhecer a terra do outro. Eis a minha parte do desafio, cliquem no nome dela e vejam a parte dela.
Belém, sob o olhar cearense
Assim como José de Alencar escreveu O Gaúcho sem nunca ter ido aos pampas, escreverei sobre Belém do Pará sem nunca ter chegado nem no Piauí. A segunda maior cidade da Região Norte, ela disputa pau-à-pau com Manaus e ganha de goleada das outras capitais e municípios.
Antes da invasão luso-hispânica, a região era dominada por índios (óbvio) tupinambás, mas o enamoramento mesmo foi com os portugueses, tanto que, na vinda dos Família Real Portuguesa ao Brasil, ela foi sugerida para ser a nova capital brasileira e também a cidade só reconheceu a Proclamação da República quase um ano depois dela ter sido imposta.
A cidade já teve alguns nomes, como o maroto Feliz Lusitânia, mas vamos lá, chamar a cidade de Belém, num país super católico, já é meio audacioso; mas daí a ter um bairro chamado Nazaré é se achar a última coca-cola do deserto. Só não me digam quantos Jesus moram nesse lugar...
Aliás, deserto é só o que não tem por lá, já refrigerante, é vendido num saquinho. Tudo bem que fontes fidedignas me contaram isso, mas eu não consigo imaginar alguém segurando tranquilamente um saco cheio de refri e um pacote de xilito ao mesmo tempo. Principalmente quando estiver acabando, sabe, o plástico se encolhendo todo, não deve ser nada prático.
Já que comecei a falar da culinária regional, Belém tem a sua bem particular. Ontem tive o cuidado de experimentar um Tacacá, a mais típica e conhecida da região. Trata-se de uma cumbuca com goma de mandioca, tucupi (um liquido amarelo e forte), uma folha que deixa a língua tremendo e camarão. Acredito que a de lá seja muito boa, porque a que eu provei era boazinha e a minha amiga paraense presente não aprovou o que tomamos. Fato é que, assim como o refrigerante no saco, só valerá a experimentação quando eu for lá mesmo.
Ainda sobre comida, existe nas vendas de lá dois tipos de manga: a manga normal e a de cemitério. Tem mangueira lá por todo canto. E nas do cemitério, que tem muita vida exalada pelos mortos, acabam produzindo uma manga maior e mais saborosa. Evidentemente essa é mais cara, mas deve valer a pena. Nada como água para limpar mãos e bocas lambuzadas.
Até porque, água é com eles mesmo. Primeiro de tudo porque Belém, assim como quase tudo que é cidade do Brasil, é banhada por rio, no caso deles, o Rio Guamá. Segundo, porque lá chove todo dia santo e todo santo dia! (sonho!) E o que é melhor, por volta das duas horas da tarde: na hora da sesta! Só isso faz de Cidade Morena a melhor cidade do mundo, depois de Fortaleza, é claro.
Curioso nesse desafio é que há uma relação de apelido com Fortaleza: as duas foram chamadas de Paris brasileira, devido à arquitetura vinda de lá, cafés, frescuragem em geral.
Escritor paraense, o único que conheço é Inglês de Sousa, e dele estou lendo agora o Contos Amazônicos, que conta causos da região, de uma forma bem curiosa: misturando folclore com um olhar meio cético, tipicamente a mistura de um apaixonado pela cultura de sua terra e de um advogado com sua visão sóbria. Mas ele tem dois romances muito importantes para a literatura brasileira, que o transformou num dos fundadores do Realismo/Simbolismo no Brasil – junto com um cearense, o Domingos Olímpio!
Antes de finalizar, uma dúvida que não quer calar: como pode a maior rivalidade futebolística de um local ter, nos dois times – Remo de azul escuro e Paysandu de azul claro – , a mesma cor, divergindo apenas a tonalidade do azul?
Bem, um dia irei à Belém do Pará, conhecerei muitos Jesus de Nazaré, tomarei refrigerante no saco, tomarei tacacá, comerei manga de cemitério, tomarei banho na chuva das 14hs, lerei mais Inglês de Sousa e irei a um Re-Pa e, principalmente, descobrirei que nada do que mencionei é real e me darão um sabacu por lá.
CA Ribeiro Neto
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* Estou sempre esperando desafios como esse! Pode tacar nos peito do nego!
* 2011 tem que manter a média de 2010, vamos lá, né, Destino?
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ESCUTANDO NO MOMENTO: O sangue não nega - Luis Melodia
LENDO NO MOMENTO: Contos Amazônicos - Inglês de Sousa - pg. 68 // Dom Casmurro e os discos voadores - Machado de Assis e Lucio Manfredi - cap.71.
Boa Sorte
7 comentários:
Adorei!!
Vc falou dos principais pontos (apesar de esquecer de falar da música)e de uma forma bem leve e engraçada.
Tava super curiosa :D
Parabéns!!!
Bjus
Primeiro, um recadinho pra Thay: Deixa de ser exigente demais, ora ora! =p
auehueaauheuh
Agora, vamos ao que interessa:
Sempre gostei do olhar de fora, do outro, sobre aquilo que pra nós tornou-se tão comum. E ler as tuas impressões sobre o que é - ou seria - Belém é inusitado, divertido, estimulante e me fez pensar mais sobre a minha própria cidade. Gostei do texto, gostei do bom humor - deixou o texto leve e irreverente.
Até os próximos desafios!
(:
P.S.: Tacacá bom é o da dona Maria, na Avenida Nazaré, no bairro de Nazaré. Bateu até uma vontade agora... =D
nosso José de alencar paraense,muito bom,uma verdadeira aula de história,e como sempre lindamente escrita por nosso Eufonico Carlos,Abraço!Parabéns!
Rapaz, pra fazer isso tudo, só indo lá, mas o sabacu eu já posso adiantar por aqui mesmo... hehe!
Olá queria parabenizar você pelo blog e pedir que visita se o meu simples blog: informativofolhetimcultural.blogspot.com será uma honra ter a visita tua lá. Espero que goste...
Ass: Magno Oliveira
Folhetim Cultural
Esse texto ficou muito engraçado má, pqp hdasudhsuadhsaudhsaudashd. É um José de Alencar! E quando tu for a Belém, me leva, que eu quero ir também.
cARLIM VÉI MAH! ADOREI O TEXTO!!!!
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