A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Belém, sob o olhar cearense

Camila Travassos me desafiou a ela fazer um texto sobre Fortaleza e eu fazer um sobre Belém do Pará, um sem conhecer a terra do outro. Eis a minha parte do desafio, cliquem no nome dela e vejam a parte dela.


Belém, sob o olhar cearense



Assim como José de Alencar escreveu O Gaúcho sem nunca ter ido aos pampas, escreverei sobre Belém do Pará sem nunca ter chegado nem no Piauí. A segunda maior cidade da Região Norte, ela disputa pau-à-pau com Manaus e ganha de goleada das outras capitais e municípios.
Antes da invasão luso-hispânica, a região era dominada por índios (óbvio) tupinambás, mas o enamoramento mesmo foi com os portugueses, tanto que, na vinda dos Família Real Portuguesa ao Brasil, ela foi sugerida para ser a nova capital brasileira e também a cidade só reconheceu a Proclamação da República quase um ano depois dela ter sido imposta.
A cidade já teve alguns nomes, como o maroto Feliz Lusitânia, mas vamos lá, chamar a cidade de Belém, num país super católico, já é meio audacioso; mas daí a ter um bairro chamado Nazaré é se achar a última coca-cola do deserto. Só não me digam quantos Jesus moram nesse lugar...
Aliás, deserto é só o que não tem por lá, já refrigerante, é vendido num saquinho. Tudo bem que fontes fidedignas me contaram isso, mas eu não consigo imaginar alguém segurando tranquilamente um saco cheio de refri e um pacote de xilito ao mesmo tempo. Principalmente quando estiver acabando, sabe, o plástico se encolhendo todo, não deve ser nada prático.
Já que comecei a falar da culinária regional, Belém tem a sua bem particular. Ontem tive o cuidado de experimentar um Tacacá, a mais típica e conhecida da região. Trata-se de uma cumbuca com goma de mandioca, tucupi (um liquido amarelo e forte), uma folha que deixa a língua tremendo e camarão. Acredito que a de lá seja muito boa, porque a que eu provei era boazinha e a minha amiga paraense presente não aprovou o que tomamos. Fato é que, assim como o refrigerante no saco, só valerá a experimentação quando eu for lá mesmo.
Ainda sobre comida, existe nas vendas de lá dois tipos de manga: a manga normal e a de cemitério. Tem mangueira lá por todo canto. E nas do cemitério, que tem muita vida exalada pelos mortos, acabam produzindo uma manga maior e mais saborosa. Evidentemente essa é mais cara, mas deve valer a pena. Nada como água para limpar mãos e bocas lambuzadas.
Até porque, água é com eles mesmo. Primeiro de tudo porque Belém, assim como quase tudo que é cidade do Brasil, é banhada por rio, no caso deles, o Rio Guamá. Segundo, porque lá chove todo dia santo e todo santo dia! (sonho!) E o que é melhor, por volta das duas horas da tarde: na hora da sesta! Só isso faz de Cidade Morena a melhor cidade do mundo, depois de Fortaleza, é claro.
Curioso nesse desafio é que há uma relação de apelido com Fortaleza: as duas foram chamadas de Paris brasileira, devido à arquitetura vinda de lá, cafés, frescuragem em geral.
Escritor paraense, o único que conheço é Inglês de Sousa, e dele estou lendo agora o Contos Amazônicos, que conta causos da região, de uma forma bem curiosa: misturando folclore com um olhar meio cético, tipicamente a mistura de um apaixonado pela cultura de sua terra e de um advogado com sua visão sóbria. Mas ele tem dois romances muito importantes para a literatura brasileira, que o transformou num dos fundadores do Realismo/Simbolismo no Brasil – junto com um cearense, o Domingos Olímpio!
Antes de finalizar, uma dúvida que não quer calar: como pode a maior rivalidade futebolística de um local ter, nos dois times – Remo de azul escuro e Paysandu de azul claro – , a mesma cor, divergindo apenas a tonalidade do azul?
Bem, um dia irei à Belém do Pará, conhecerei muitos Jesus de Nazaré, tomarei refrigerante no saco, tomarei tacacá, comerei manga de cemitério, tomarei banho na chuva das 14hs, lerei mais Inglês de Sousa e irei a um Re-Pa e, principalmente, descobrirei que nada do que mencionei é real e me darão um sabacu por lá.


CA Ribeiro Neto
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* Estou sempre esperando desafios como esse! Pode tacar nos peito do nego!
* 2011 tem que manter a média de 2010, vamos lá, né, Destino?
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ESCUTANDO NO MOMENTO: O sangue não nega - Luis Melodia
LENDO NO MOMENTO: Contos Amazônicos - Inglês de Sousa - pg. 68 // Dom Casmurro e os discos voadores - Machado de Assis e Lucio Manfredi - cap.71.

Boa Sorte

7 comentários:

Thayanne disse...

Adorei!!
Vc falou dos principais pontos (apesar de esquecer de falar da música)e de uma forma bem leve e engraçada.

Tava super curiosa :D

Parabéns!!!

Bjus

Camila Travassos disse...

Primeiro, um recadinho pra Thay: Deixa de ser exigente demais, ora ora! =p
auehueaauheuh

Agora, vamos ao que interessa:

Sempre gostei do olhar de fora, do outro, sobre aquilo que pra nós tornou-se tão comum. E ler as tuas impressões sobre o que é - ou seria - Belém é inusitado, divertido, estimulante e me fez pensar mais sobre a minha própria cidade. Gostei do texto, gostei do bom humor - deixou o texto leve e irreverente.

Até os próximos desafios!
(:

P.S.: Tacacá bom é o da dona Maria, na Avenida Nazaré, no bairro de Nazaré. Bateu até uma vontade agora... =D

lucas lima disse...

nosso José de alencar paraense,muito bom,uma verdadeira aula de história,e como sempre lindamente escrita por nosso Eufonico Carlos,Abraço!Parabéns!

Thiago César disse...

Rapaz, pra fazer isso tudo, só indo lá, mas o sabacu eu já posso adiantar por aqui mesmo... hehe!

Folhetim Cultural disse...

Olá queria parabenizar você pelo blog e pedir que visita se o meu simples blog: informativofolhetimcultural.blogspot.com será uma honra ter a visita tua lá. Espero que goste...
Ass: Magno Oliveira
Folhetim Cultural

Anônimo disse...

Esse texto ficou muito engraçado má, pqp hdasudhsuadhsaudhsaudashd. É um José de Alencar! E quando tu for a Belém, me leva, que eu quero ir também.

Pedro Gurgel disse...

cARLIM VÉI MAH! ADOREI O TEXTO!!!!