A dança da alegria

A dança da alegria - CA Ribeiro Neto

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mundo abstrato

Dando sequência à série 'Diferentes ângulos de uma conquista', a poesia 'Mundo abstrato' é mais uma poesia do meu pseudônimo feminino Magali do Riacho. Mulheres, por favor, digam-me se está um pouco parecido com o que uma mulher diria!


Mundo abstrato


Não convém dizer agora
Tudo que o mundo afora
Já soube antes de mim.

Se dizem que meus olhos
Revelam meu amor óbvio,
Porque vou me repetir?

Desculpa se estou tão direta,
Encurtando assim essa conversa,
Mas a ansiedade me apavora.

Não estou pedindo ou covocando a algo,
Só quero deixá-nos habituados
Ao rumo dessa história.

Gosto de ti, isto é um fato,
Um tanto quanto abstrato,
Ou de difícil compreensão.

Encerro aqui o meu discurso,
Você tem todo o tempo do mundo
Pra entender essa bagunça. Ou não.


Magali do Riacho (CA Ribeiro Neto)
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* Na foto de capa do blog, mais uma vez, Raíssa Ribeiro.
* Próxima terça, meu aniversário - 24 anos!
* Tudo normal.
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ESCUTANDO NO MOMENTO: Inclassificáveis - Ney Mato-grosso

LENDO NO MOMENTO: O Cemitérios dos Vivos - Lima Barreto - pg. 123

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim.

5 comentários:

Hermes disse...

Não sei dizer se parece uma mulher falando, mas posso dizer que parece unissex, então!

Essa poesia me fez ver uma reunião de pessoas, onde o eu lírico fala isso, e nos dois últimos estrofes direciona o discurso para uma pessoa. Se tu quis passar a ideia de sentimento confuso, dificuldade de expressá-lo em sua complexidade, tá massa, pois foi isso que consegui pegar.

Hermes disse...

E o aniversário logo em uma terça, hein?! ehauehauheau

Herbenia Freitas Ribeiro disse...

Se esse dicurso,ou alinguagem seria algo feminino, nao dá pra reconhecer não, parece mais próxima mesmo de uma linguagem masculina, pela objetividade, ou antes, sem essa questao de gênero, antes do ser humano, de qualquer ser humano que esteja perdidamente apaixonado e esteja se rendendo a essa paixão.
Eu achei muito interessante a sua poesia, Guto ;)
comentando essa estrofe:
"Se dizem que meus olhos
Revelam meu amor óbvio,
Porque vou me repetir?"
o amante vive se repetindo, reafirmando seu amor, pra que alcanse o seu objeto de desejo, pra que seu amado acredite e pra que ele mesmo se convença que ama.

Thiago César disse...

axo q pode ser tanto um homem como uma mulher falando isso...

a primeira estrofe tah massa!

Emily disse...

Carlim cheio de eu-líricos! Ainda bem que não estudo psicologia, senão iria falar que cada um é uma parte sua que está lá, ou que você tem múltiplas personalidades. Isso não combina com literatura, apesar de gostar de certas coisas da psicologia na literatura...
E é verdade, as mulheres geralmente têm dificuldade de descrever o que sentem (ou não sentem), então objetividade seria difícil de caber aí, mas cada mulher é uma mulher. Deve ser um texto unissex, como o Hermes disse, que é menos pedante que falar que é universalista! YGEYAEGS
Não pensei sobre o direcionamento do poema, sempre pensei que o eu-lírico se referia a uma única pessoa, do começo ao fim, boa percepção.
A mudança dos pronomes durante o poema dá uma verdadeira idéia de confusão, para referir-se ao mesmo ser que a Magali diz! "Gosto de ti", "Você tem todo o tempo do mundo".
O "ou não" no final dá um arremate bem machadiano, releia: "Você tem todo o tempo do mundo pra entender essa bagunça. Ou não." Olha que massa! É como se ela estivesse em dúvida sempre, mesmo tentando se explicar, porque mesmo tendo afirmado que gosta de alguém, e tal, fala um "ou não" no fim, o que dá essa idéia de abstrato, mesmo.